Romarias de Agosto, por Pedro Caramez

Agora que terminou o nosso querido mês de agosto é tempo de lhe fazer um saudoso balanço. Entre romarias, agonias, pokemóns, incêndios e as férias da maioria. Há algo que não me cansa a vista e que me incendia o coração todos os anos.

Falo da magnífica romaria da Senhora da Agonia, em Viana do (meu) Castelo.

Nunca lhe consigo ficar indiferente por mais anos que passem. Indiferente ao calor da gente. Ao compromisso que as pessoas estabelecem umas com as outras, com o projecto, a causa, e em última análise, com a cidade.

Por mais anos que passem não me canso de assistir e de participar com um orgulho imenso de quem, como eu, ajuda e luta para a colocar Viana no mundo.

Se algum dia tiverem hipótese de assistir ao espectáculo que é esta romaria, garanto-vos que vão ficar bem impressionados.

Mas a grande romaria deste verão foi, como não podia deixar de ser, digital. Até aqui, nada de anormal, não fosse a romaria de que falo ser uma romaria… virtual. Já devem ter percebido que estou a falar do #PokemonGO claro. A febre que estalou um pouco por todo o mundo e em Portugal não foi diferente. Chegaram-nos – como nos chegam sempre – relatos de pessoas a caírem (em alguns casos, literalmente) em situações verdadeiramente alucinantes por causa do jogo. Foi um fartar de vilanagem de rapazes, raparigas, pais e filhos, tudo à caça de Pokémons.

A imagem que me ficou na cabeça foi a de milhares de pessoas a pararem os carros, à noite, no Central Park de Nova Iorque (Justin Bieber incluído) para procurarem bichinhos… que não estavam lá… nem nunca vão estar.

Percebo o conceito da “coisa”. Mas, em tempo de férias, havia tanta coisa mais interessante para se fazer em família do que andar a caçar bichinhos de telefone em punho, em bando.

Por fim, dizer que Agosto, para além de tudo isto, voltou a ser o infernal mês de chamas e incêndios, desta vez com uma redobrada dose de destruição.

O país esteve a arder. A Madeira esteve a arder. E os olhos de muitos de nós não conseguiram deixar de se encher de lágrimas perante a destruição, mas sobretudo perante a incrível e tocante romaria solidária de ajuda aos nossos “soldados da paz”.

Não deixa de ser particularmente reconfortante perceber que, numa época em que as pessoas estão cada vez mais donas e seguras de si e das suas vidas, numa época em queremos cada vez menos saber dos outros, não deixa de ser relevante que estejamos a querer ajudar cada vez mais quem realmente precisa.

Não sou de milagres, de crenças e de esperanças bacocas, mas continuo a acreditar nos homens e na bondade inata que todos temos.

Enquanto assim for continuarei a rumar entre o norte e o sul para conhecer pessoas, trabalhar com pessoas, ensinar pessoas, formar melhores homens e mulheres.

Quanto a ti Agosto, para o ano cá nos vemos. Podes vir como vieste este ano mas com um bocadinho a menos de intensidade, sim?

O país agradece. E os santos também.

Por Pedro Caramez
Consultor de Marketing Digital/Formador/Autor do livro Linkedin/Recrutamento Digital/Social Selling/Employee Advocacy www.linkedportugal.com

Comentários

comentários