Novo ano, novos hábitos, novos consumidores. Há novidades a irromper em 2017 nas mais variadas áreas.
E a equipa Júlia − De Bem com a Vida foi pesquisar as tendências que estão prestes a bater-nos à porta. Está preparado para as mudanças?
Nutrição
Alimentos fora do prazo, dieta ‘flexitariana’, águas com ómega 3 e insetos. Tudo isto à mesa!
Nos últimos anos, o poder da nutrição ganhou notoriedade entre os consumidores e, para 2017, prevê-se que esta nova consciência leve cada vez mais marcas a alterarem (para melhor) os produtos alimentares que oferecem. A Mintel agência líder mundial em estudos de mercado, apresenta um conjunto de tendências para o novo ano e realça precisamente “as atuais exigências dos consumidores por alimentos e bebidas mais saudáveis, convenientes e fiáveis”. A agência aponta prioridades específicas: a confiança nos produtos tradicionais, que não invalida a inovação mas antes convida à sua recriação; a crescente valorização dos produtos de origem vegetal, que abre cada vez mais espaço para uma dieta ‘flexitariana’, em que as opções vegetarianas e vegan também têm lugar, e ainda para a incorporação do poder das plantas nos mais diversos produtos industriais.
O relatório indica que, entre 2010 e 2016, houve um aumento de 25% nos produtos que se afirmam vegetarianos e 257% nos produtos que se assumem como vegan. O não ao desperdício é outra das tendências apontadas. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura indicam que um terço dos alimentos produzidos no mundo para consumo humano vai para o lixo, e a sustentabilidade tem vindo a tornar-se uma preocupação cada vez maior dos consumidores. Exemplo disto é que cada vez mais restaurantes e retalhistas encaminham os excedentes para solidariedade e se promovem as vendas de alimentos imperfeitos ou quase fora de prazo. Restaurantes na Holanda, na Finlândia e no Reino Unido já utilizam aplicações de telemóvel para escoar, na hora de fecho, refeições que seriam deitadas para o lixo e em Portugal os consumidores já acarinham a Fruta Feia e fazem compras no GoodAfter, o primeiro supermercado que vende exclusivamente alimentos quase fora de prazo. Para 2017, a Mintel prevê o acentuar desta preocupação com a sustentabilidade, o início do desaparecimento do estigma associado aos alimentos imperfeitos e utilizações inovadoras para os excedentes alimentares, como a sua transformação em fertilizante ou combustível.
Sem tempo a perder
Outra das tendências para 2017 na área da nutrição é o esforço de conjugar alimentação saudável com a poupança de tempo, com a exigência de as marcas apresentarem informação específica sobre tempos de confeção e entrega de produtos alimentares. De acordo com a Mintel, entre setembro de 2010 e agosto de 2016, o número de novos alimentos e bebidas on the go registou um aumento de 54%. O tempo é precioso, portanto, e as marcas tenderão a apostar cada vez mais em produtos saudáveis e de consumo fácil e rápido. Entre os britânicos, por exemplo, 60% preferem poupar etapas na cozinha para poderem estar mais tempo à mesa.
Ofertas para pôr o sono em dia
Com a crescente consciência de que é preciso abrandar o ritmo acelerado do dia a dia, uma das oportunidades de 2017 é a oferta de produtos que ajudam os consumidores a acalmar antes de dormir e a restaurar o organismo durante o período de repouso com alimentos funcionais inovadores, como os sumos com melatonina ou os cereais de fácil digestão, ou ainda os produtos com ingredientes calmantes, como a camomila e a lavanda.
O relatório realça também que, em 2017, os alimentos e as bebidas saudáveis deixarão de ser encarados como “um luxo” para se tornarem mais acessíveis a todas as bolsas, e que a saúde é um direito e um objetivo ao alcance de todos.
‘Novos alimentos’
O nutricionista Custódio César, diretor-geral da Econutracêuticos, confirma estas tendências, à luz do que tem encontrado nas feiras internacionais que frequenta, e destaca ainda algumas novidades no mundo da nutrição, depois dos superalimentos, que tanto já deram que falar. No horizonte do novo ano, destaca as águas enriquecidas com nutrientes, como os ómega 3, e os insetos como fonte ideal de proteína, uma resposta aos apelos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação para tentar travar os impactos ambientais da produção de carne e da pesca.