Música para Ajudar na Demência: o lema da MMM

Música para a demência

A doença neurodegenerativa é um problema que afeta não só a pessoa em causa, mas também aqueles que lhe são próximos. É o caso de Carol Rosenstein, cujo marido recebeu um diagnóstico de Parkinson em 2006 e de demência em 2009.

“Todos os dias era uma montanha-russa”, admite Carol, pois o caso do seu marido, Irwin, fez com que ambos se isolassem da sociedade, dos amigos, do resto da família. “Nem os teus melhores amigos sabem o que te dizer.”

Os sintomas pareciam simples, mas eram muito penalizadores: a perceção muda, deteriora-se. A capacidade de manter uma conversa é cada vez menor. “Enquanto esposa, é muito difícil, pois de repente o teu companheiro de conversas de 30 anos já não consegue ser tão articulado como antes quando fala”, explica.

Melhor que medicamentos

Foi quando Carol ouviu Irwin a tocar piano em 2014 que tudo mudou. Irwin parecia mais enérgico, mais comunicativo e mais consciente depois de tocar. Surpreendida, telefonou a um médico para tentar perceber o que acabara de testemunhar. “Ele disse-me que eu estava a ver a música a mudar a química do cérebro”, conta, numa entrevista à CNN. Irwin sempre tocou saxofone e piano ao longo da vida e, ao voltar a fazê-lo, o cérebro liberta dopamina, uma hormona relacionada com a sensação de felicidade.

“Foi aí que percebi: melhor do que os medicamentos, só a música”, afirma Carol. Foi um grande alívio para a senhora Rosenstein, pois até aí o seu marido não estava a reagir bem à medicação.

Esta experiência levou Carol a procurar uma banda para Irwin e a tentar encontrar outras pessoas com doenças degenerativas. A banda chama-se The 5th Dementia ( A 5ª Demência) e a partir daí começou outro grande projeto: a associação sem fins lucrativos Music Mends Minds (A Música Remenda Mentes), cujo objetivo é criar momentos recreativos e sociais, à volta da música, para pessoas com problemas neurodegenerativos. Conseguiram formar 20 bandas nos Estados Unidos, ajudando mais de 200 pessoas a ter mais qualidade de vida.

“Todos saem dos ensaios felizes com a vida”, conta Carol, orgulhosa. “Também organizamos concertos por todo o país. É um grande orgulho.”

Uma iniciativa importante

Entretanto, a medicina e a ciência não conseguem proporcionar uma cura para a demência. Carol e Irwin, e todos os membros da Music Mends Minds, procuram essa ‘medicação’ na música. “Tem tido um grande impacto. A música ressuscitou o Irwin.”

Para fazer uma doação para esta instituição, pode ir aqui e contribuir com o montante que quiser.

Portugal é o 4º país da OCDE com mais pessoas com demência por cada mil habitantes. Segundo um relatório publicado em novembro de 2017, Portugal tem uma média de 19,9 casos por mil habitantes, bem acima da média mundial, de 14,8. Estima-se que estes números se traduzam em cerca de 182 mil pessoas a sofrer desta condição em Portugal, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Portugal não tem um plano nacional para a demência. Por isso, iniciativas como esta são inspiradoras para uma sociedade que ainda tem alguma dificuldade em lidar com este tipo de doença. Música para os ouvidos…

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