Norberto Morais

“O Pecado de Porto Negro” é daqueles livros que apetece comprar à dúzia, para partilhar com quem mais gostamos. Não se admirem se esta entrevista vos conduzir para a livraria mais próxima…

Ler Norberto Morais pode ser um vício. Que sirva de alerta a futuros leitores. Que sirva de incentivo para as suas obras inacabadas. É que Norberto Morais tem apenas dois livros publicados, mas mais de 100 começados… O gosto pela leitura nasceu com a avó, em Portugal, na pequena vila de Marinhais, para onde foi viver com seis anos, após o divórcio dos pais. O facto de ter nascido na mesma cidade de Herman Hesse, em Calw, Alemanha, é assim apenas uma curiosa coincidêndia. Porque o apetite pelas histórias nasceu das tardes preguiçosas que passava com a avó. “Ler para mim era a única forma de a minha avó manter o seu ritual de leitura, que se prolongava todos os dias, por três horas, após o almoço. A minha avó desejava que eu dormisse a sesta, mas eu não estava habituado. Na Alemanha, não dormíamos a sesta. E, então, a única solução era ler em voz alta”. Norberto Morais familiarizou-se desde cedo com o conceito de biblioteca, itinerante na altura, e dava-lhe prazer ir levantar obras como Anna Karénina ou Guerra e Paz para encher as tardes de leitura. Os livros acompanharam-no quando veio viver e estudar psicologia para Lisboa. Mas já antes tinha começado escrever. Na verdade, durante a pré-adolescência, todos os fins de semana começava uma nova história. E quando foi presentado com uma máquina de escrever, a vontade de inventar cenários ainda foi maior. A máquina de escrever vinha oferecer como que uma musicalidade aos seus caracteres. Nunca pensou ser escritor. Talvez psicólogo, talvez músico, mas não escritor. E no entanto, aquilo que mais gostava na sua banda, onde era guitarrista e vocalista, era de escrever as letras das músicas. “O primeiro trabalho que escrevi com princípio, meio e fim, foi a letra para uma música”, recorda. No ano 2000, tinha 29 anos, terminou “Vícios de Amor” e, 14 anos depois, “O Pecado de Porto Negro”, romance finalista do Prémio Leya, fascinante pela criação de enredos que viciam o leitor até à última página. Porto Negro não existe, conta Norberto. E foi criado como tantos outros seus cenários ficcionísticos: “crio um imaginário a pensar num local onde gostaria de passar férias ou viver algum tempo. E como esse cenário não existe, posso estar à vontade…” e inventar personagens, de Cardamomo a Ducélia Trajero. Nenhuma figura de Porto Negro é real, mas o cenário recebe inspirações amiúde de Roque Santeiro ou Tieta, entre as novelas que mais marcaram a sua infância. O romance foi já editado no Brasil. E desde que regressou de férias de Paris, onde vai com alguma regularidade, o autor está a trabalhar numa outra obra. “Estava a escrever cinco livros ao mesmo tempo. Acabei por dedicar-me ao romance histórico, que comecei há dez anos, e que implica muita investigação”, partilha Norberto Morais, o autor que em breve promete levar-nos consigo à época setencentista.

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