Como vivi a sucessão das explosões em Bruxelas

Por
Cláudia Medina Barbosa Xara-Brasil
Consultora Jurídica, Portuguesa, a viver há 2 anos na Bélgica

Como vivi a sucessão das explosões em Bruxelas bruxelas

Tinha acabado de chegar ao escritório,  que se situa nada mais nada menos numa Commune, mesmo ao lado do Molenbeek, ou seja, o ninho do Daesh, o maior agregado em Bruxelas onde o Daesh vai recrutar jovens sem rumo nem objectivo e lhes lava a alma, não sei como… Há meia hora atrás, tinha passado perto da zona daquela estação de metro. E mesmo no dia anterior andei de metro, o que é raro, e lembro-me que tive a sensação de só ver “Salahs Abdeslams” em cada rosto; e lembro-me de, no sábado, ter deixado os meus sogros naquela mesma parte do aeroporto, onde eu tantas vezes embarco e onde costumo ir buscar e levar os meus pais e amigos que nos vêm visitar…
O que partilho aqui é a “minha” maneira de como vivi a sucessão das explosões que ia ouvindo quase em direto da telefonia belga e que me chocou, por serem em sítios de facto muito familiares, onde passo muito tempo, por viver na Bélgica. Os locais onde eu sempre dizia aos meu amigos que aqui (na Bélgica) era “apenas” o “escritório” deles (dos terroristas), onde eles se organizavam (como se não fosse pouco), mas que aqui, em termos de atentados é explosões, nunca iria acontecer nada… Pois é, infelizmente enganei-me. Infelizmente também para mais estas vítimas inocentes, a juntar a muitas outras. Dei-me por contente por viver numa zona calma e aparentemente segura fora de Bruxelas, e arrependida por me estar sempre a queixar que é longe da cidade…
Fico-me por aqui. Poderia continuar a escrever, a falar do Mundo e de que não estamos seguros em nenhuma parte, mas que é possível continuar a viver felizes, que temos mesmo que continuar a viver sem medo.
Mas e as crianças? O que dizer aos filhos?Como lhes explicar o que lhes entra pelos olhos adentro, sem que tenham pesadelos?!
Depois de dois dias de caminho, cheguei a Lisboa. Estou estourada.

 

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