“Estou cansada de ouvir o choradinho de ‘não temos dinheiro para’

Depois de tantas reuniões agendadas com governantes em combate pelo teatro, Maria do Céu merecia outra guerra.

Como esta: a pasta da Cultura. Que iniciativas e ideias se prepara para levar à cena?   

 Mais sobre Maria do Céu Guerra
Setenta e três anos. Atriz e encenadora. Há 40 que traz A Barraca às costas, mas os palcos são a sua casa ainda há mais tempo. Desde o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa − foi aí que se começou a interessar pelo teatro. Integrou o grupo fundador da Casa da Comédia. E só depois se profissionalizou, no Teatro Experimental de Cascais. Atualmente, é n’A Barraca que centra a sua atividade como atriz e encenadora, mas já passou pela televisão e pelo cinema. Aliás, foi pelo seu papel em Os gatos não têm vertigens que recebeu, em 2015, o Prémio Sophia de melhor atriz. Um filme do realizador António-Pedro Vasconcelos, generosamente aclamado pela crítica e muito visto pelos portugueses, que arrecadou vários prémios e quase 500 mil euros. N’A Barraca, as contas são outras, e por várias vezes Maria do Céu Guerra e Helder Costa pensaram já em desistir. A Barraca tem um financiamento de 40 mil euros da Direção-Geral das Artes e um apoio da Câmara de Lisboa, que deveria ser para a recuperação do espaço, mas “quando chegou a voragem do austeritarismo foi transformado em apoio à criação”, contou ao Diário de Notícias em março de 2016. “Não chega”, frisou a atriz. Em 2014, foram mesmo as pessoas que salvaram a companhia. Uma petição com mais de oito mil assinaturas considerava inaceitável a situação d’A Barraca. No Parlamento, foi discutida a petição e todos os partidos, à exceção do CDS, assinaram uma declaração que sublinhava a necessidade de fazer algo para recuperar a companhia de teatro. Os criadores mantêm a casa aberta, mas até hoje nada foi feito. Em cena está 1936, O Ano da Morte de Ricardo Reis. Para trás, estão 40 anos de esforço e dedicação de Maria do Céu Guerra pela boa vertigem que sente sempre que entra em cena

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