Política, futebol e crime dominaram as notícias em 2016
A análise às entidades mais faladas nas notícias em 2016 revela um país dividido entre a política e o futebol.
Apenas o crime se consegue intrometer entre os dois temas que dominam quase por completo o estudo elaborado pela Cision sobre as pessoas e organizações que mais se notabilizaram nos órgãos de informação no ano que agora termina.
Pouco mais de um ano após as eleições legislativas e da consequente aliança entre os países de esquerda, que resultou numa solução inédita na democracia portuguesa, Governo foi a organização mais falada pelos media portugueses, com mais de 200 mil referências (205.128, em concreto). O primeiro-ministro, António Costa, acabou por ser também o nome mais recorrente nas notícias nacionais, tendo sido mencionado por 124.767 vezes.
Entre Governo e António Costa surgem os três clubes “grandes” do futebol português. Curiosamente, tal como aconteceu na Liga 2015/16, o Sport Lisboa e Benfica foi também o vencedor deste “campeonato” particular. Os campeões nacionais foram referenciados num total de 182.191 peças jornalísticas, superando as 164.039 do Sporting Clube de Portugal e as 146.503 do Futebol Clube do Porto. Convém frisar que, apesar de a maioria da informação estar relacionada com o futebol, também houve muitas referências a estes clubes que se deveram às diversas modalidades que estes albergam.
Voltando à política, encontramos o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em sexto lugar do ranking, com 111.156 menções, à frente do Partido Social Democrata (87.226) e da Guarda Nacional Republicana, uma das poucas entidades de fora do mundo do futebol e da política que integram este ranking. Boa parte das 82.264 alusões a esta força de segurança deveu-se à “caça ao homem” a Pedro Dias, o suspeito de matar duas pessoas em Aguiar da Beira, entre elas um militar da GNR, e que esteve em fuga durante 28 dias, antes de se entregar às autoridades.
O top-10 é encerrado pelo Partido Socialista, a força política que lidera o executivo, presente em 78.326 notícias, e pela Assembleia da República, o órgão legislativo que assumiu particular relevância nesta legislatura, com 70.908 referências. Seguem-se o sempre importante Ministério das Finanças (70.000) e o Bloco de Esquerda, um dos partidos que suporta o atual Governo (66.070).
A Seleção Portuguesa de Futebol aparece apenas no 13.º lugar da lista. Os campeões europeus foram citados em 65.564 notícias. A equipa que brilhou na França teve grande destaque nos media durante o Euro 2016 e nas semanas antes e depois da competição, mas teve pouca presença no resto ano, o que explica esta posição tão longínqua do topo, onde estão os principais clubes de futebol do país.
Com 65.513 menções, a Comissão Europeia é a única entidade internacional que integra a lista das mais faladas em 2016. No 15.º lugar da tabela encontramos a Polícia de Segurança Pública, a outra força de segurança com presença no ranking, com 62.259referências. O destaque que PSP e GNR assumiram está também relacionado com a consolidação de meios de comunicação que dão particular atenção ao mundo do crime, como é o caso da CMTV, que ao longo do ano se afirmou como o canal mais visto na televisão por cabo. De regresso à política, aparecem mais dois partidos, um que faz parte da chamada “Geringonça” – o Partido Comunista Português, com 60.123 alusões – e outro que se lhe opõe – o CDS/PP, com 59.823. O líder da oposição, Pedro Passos Coelho, foi referenciado em 55.486 notícias.
Da polémica do salário do presidente à saída de António Domingues, apenas quatro meses depois de ter entrado em funções, passando pelo processo de recapitalização, a Caixa Geral de Depósitos foi um tema eminentemente político e teve presença assídua nas notícias, com 48.560 referências. No último lugar do top, mas no topo do mundo, está Cristiano Ronaldo. O vencedor da Bola de Ouro, e provavelmente o português mais famoso do mundo, foi falado em 47.136 notícias.
O estudo elaborado pela Cision teve como finalidade apurar as entidades que mais se destacaram na agenda mediática nacional no ano de 2016. Através do algoritmo Cision de análise textual foi encontrado um conjunto de pessoas e organizações que mais se notabilizaram nos órgãos de informação. Estas palavras foram posteriormente sujeitas a uma pesquisa para se chegar ao número final de referências que cada uma delas obteve nos órgãos de comunicação social. Desta forma, foi possível estabelecer um ranking das entidades mais mediáticas do ano de 2016.
O objeto de análise deste estudo, realizado pela Cision – líder global em Media Intelligence – são todas as notícias veiculadas no espaço editorial português, em mais de 2.000 meios de comunicação social (televisão, rádio, online e imprensa).
O período temporal sobre o qual incidiu o estudo foi o período decorrido entre os dias 1 de janeiro e 15 de dezembro de 2016, num total de mais de cinco milhões de artigos analisados.