Está a decorrer no Palácio Foz, pelo terceiro ano consecutivo, a cerimónia de consagração e entrega de prémios às Mulheres mais influentes de Portugal.
Na foto, com Alexandra Lencastre. Uma das Mulheres Mais Influentes de Portugal. Sem dúvida.
O evento, que conta com a presença da Secretária de Estado da Cidadania e da Igualdade, Rosa Monteiro, é ainda marcado pelo lançamento da revista digital Executiva n.º 4, que inclui o estudo e o perfil das senhoras distinguidas.
A propósito desta 3.ª edição do estudo, feito em exclusivo para a Executiva pelo jornalista Filipe S. Fernandes, que revela as 25 mulheres mais influentes de Portugal, partilho aqui um parágrafo curioso, escrito pelo jornalista acerca da mudança nas empresas, com a presença feminina na gestão e na liderança.
A mudança nas empresas, por Filipe S. Fernandes
«No campo da economia e das empresas há um caminho para se fazer. “O que acontece muitas vezes é que, logo ao início, as mulheres vão para Letras e os homens vão para Ciência. Depois, isso vê-se nas carreiras profissionais. Outra coisa que acontece é que as mulheres são educadas de uma forma diferente. São educadas para ter menos ambição, menos auto-estima e mais vergonha. Mas isso tem mudado muito” disse Manuela Ferro, vice-presidente da Política de Operações do Banco Mundial ao Público.
Em julho de 2017, o Parlamento votou uma nova lei, visando as empresas públicas e cotadas em bolsa, segundo a qual a partir de 2018 têm de cumprir uma quota mínima do género menos representado nos conselhos de administração e nos órgãos de fiscalização. Como o poder é maioritariamente masculino, nas empresas públicas 33,3% dos lugares terão de ser ocupados por mulheres. Para as cotadas,
esse mínimo é de 20% e sobe para os 33,3% em 2020.
Em abril de 2017, a presença de mulheres nos conselhos de administração das empresas do PSI 20 era ainda de 14%. Na UE28 a média é de 23%. Entre os quase 400 administradores das cotadas, apenas 49 eram mulheres, ou seja, 12,4%.
A presença feminina na gestão e na liderança aumentou de forma consistente entre 2011 e 2016 (mais 2,3 pontos percentuais e mais 5,7 pontos percentuais, respetivamente), ainda que com uma subida mais ligeira nos anos mais recentes. Porém, das quase 600 mil funções de gestão nas empresas nacionais, dois terços são desempenhadas por homens. Nos cargos de liderança, a representação masculina é ainda mais acentuada (71%), segundo dados do relatório “O Género na Gestão e Liderança nas Empresas Portuguesas” da InformaDB, de Março de 2017.
Esmeralda Dourado, no Grupo SGC e no seu braço financeiro Interbanco, e Celeste Hagatong, que recentemente deixou a administração do Banco BPI, foram ao longo dos últimos 20 anos os principais rostos femininos na banca portuguesa. Hoje, as administrações financeiras, com exceção das principais seguradoras, começam a ter alguma preocupação com o género. No entanto, as mulheres ainda são remetidas para papéis mais secundários e para funções não executivas.
Mas como diz Sara Falcão Casaca, professora no ISEG, “largar o poder é sempre muito difícil. Nós temos que agir já, não podemos esperar 81 anos para que haja paridade nas empresas e 75 anos para que se acabem as desigualdades salariais relativamente às mulheres. Em Portugal, ao nosso ritmo, a estimativa é de que precisaremos de mais uns 41 anos para que a igualdade nas empresas se verifique”. »