A Croácia perdeu o Mundial mas o Mundo ganhou uma estrela croata:
ficámos todos a conhecer Kolinda Grabar-Kitarovic, a Presidente da República apaixonada por futebol, que pagou os voos para a Rússia do seu próprio bolso, viaja em económica, descontou (segundo divulga a imprensa internacional) do seu salário os dias de ausência e abdica da zona vip para assistir aos jogos, preferindo a bancada junto dos adeptos da Croácia.
Kolinda, 50 anos, é a chefe de Estado que quebra o protocolo. Veste a camisola da sua seleção, desce aos balneários para cumprimentar os jogadores e… anda à chuva. É uma das protagonistas do episódio Putin deste Mundial. Enquanto se entregavam os prémios, a imprensa e o público presente dividiam as atenções entre os finalistas do Mundial 2018 e o chapéu de chuva do Presidente da Rússia, onde apenas cabia… o próprio Putin.
Nem o presidente francês, Emmanuel Macron, nem a Presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic, demonstraram tamanha rapidez. A imprensa entendeu, contudo, o acontecimento como uma indelicadeza de Putin.
E quem anda à chuva… molha-se. No caso daquela que é considerada a adepta especial do conjunto balcânico, a carga de água só lhe aumentou ainda mais a popularidade. Quanto mais selfies e sorrisos, maior o foco sobre Kolinda.
A empresa Mediatoolkit, que analisa o impacto das reportagens publicadas no país, verificou que a Presidente da Croácia foi tema de mais 25% de notícias, comparando com qualquer um dos jogadores em campo, incluindo Luka Modric, o capitão croata que conquistou a bola de ouro deste Mundial 2018.
Oitenta por centro das notícias sobre Grabar-Kitarovic são positivas, refere a análise da empresa. O impacto de Kolinda tem sido viral: “Nas redes sociais aqui do Brasil, Grabar-Kitarovic virou rapidamente uma queridinha”, avança o uol.com.br.
Mas faltam os 20%.
Ou seja, os jornalistas croatas que escrevem sobre o facto de Grabar-Kitarovic ter aproveitado o Mundial para adiantar a sua campanha eleitoral.
Há ainda o lado polémico de Kolinda: o seu alegado apoio a políticas anti-imigrantes, que passavam por propostas de leis para penalizar quem fornecesse ajuda humanitária a imigrantes.
Sem esquecer o passado de corrupção do seu partido político, HDZ.
Quem anda à chuva molha-se. Incluindo a primeira mulher a comandar a Croácia, a mulher de família humilde que chegou a presidente, a poliglota que fala português (entre as sete línguas), estudou em Harvard, e não se inibe de beber um copo de vodka num Mundial de Futebol.