“A música A Dois apela à união”, Calema

Festival da Canção: noite de sábado com a Portimão Arena esgotada. A vitória pertenceu a Conan Osiris. Mas pelo palco passaram muitos outros “vencedores”. Os irmãos Calema apresentaram a música A Dois, um tema que procura transmitir como, em conjunto, é possível chegar mais longe.

A prova: Os irmãos Fradique e António Mendes Ferreira, de 31 e 26 anos, atuaram há dois dias na Final do Festival da Canção. Um entre muitos trunfos ao alcance de quem sempre que acreditou chegar mais longe. Mesmo nos tempos em que tocavam numa guitarra emprestada com cordas improvisadas a partir de fios de pesca da praia.

 

“Participar no festival da canção é um enorme orgulho para nós. Este convite foi recebido com muita alegria por podermos fazer parte deste festival e deste grande evento que tem uma grande tradição não só em Portugal, como em toda a Europa, e é mais um passo na nossa caminhada, e na nossa carreira!”, Calema 

 

 

 

Tudo começa em São Tomé, quando começaram a cantar juntos na escola, na mata. Contem-nos um pouco desse tempo. Como era o dia a dia da vossa infância? Eram tempos sem grandes abundâncias, mas as crianças divertiam-se… como?

É do que mais temos saudades hoje em dia. Bastava termos uma bola feita de sacos de plástico para estarmos felizes. Graças a Deus, nunca nos faltou nada nem havia a sobrar, mas o sorriso era radiante. Como vivíamos perto das praias, a nossa vida aos fins de semana e nas férias eram passados na água e no mato. A musica revelou se tão natural em nós que os nossos pais  sugeriram a junção das nossas vozes. E a partir daí começou a caminhada.

Até serem Calema, tiveram que ultrapassar muitas dificuldades, como já referiram em entrevistas. Quais foram as maiores, podem partilhar?

Naquela altura, por exemplo, não tínhamos acesso à internet. Também não apresentávamos condições para comprar um equipamento. Uma pessoa próxima emprestou-nos uma guitarra, mas nós não possuíamos condições de comprar as cordas…  Então tivemos que arranjar fios de pesca na praia, improvisar cabos de travão de um carro, cujo material é em aço, e adaptarmo-nos. Foi uma das maiores dificuldades – essa falta de informação e essa falta de meios para prosseguir. Mas o facto de existir essas barreiras mostrou-nos que tínhamos que arranjar uma forma de ultrapassá-las.

Mais de 100 concertos em 12 países nos últimos tempos, milhões de visualizações no youtube. Qual é o segredo do vosso sucesso?

O segredo do sucesso… o nosso segredo, o qual, podemos dizer, que fez as coisas funcionarem, é essa dedicação, o trabalho… trabalhar todos os dias, não é!? Procurar aprender mais. E sobretudo acreditar. Acho que o segredo está aqui.

Gravaram “Casa de Madeira” na Islândia. Porquê a Islândia? Alguma curiosidade/história que tenha decorrido durante a vossa estadia e que vos tenha marcado?

Gravámos o videoclipe da “Casa de Madeira” na Islândia porque, mesmo durante a criação da música, tínhamos imaginado um lugar assim… aberto, um lugar que nos fizesse viajar, como a música em si faz. E depois de pesquisarmos lugares na internet, descobrimos, através de um videoclipe do Justin Bieber, que ele tinha ido à Islândia. E gostámos imenso. Sentámos-nos com a equipa e questionámos: por que não!? Analisámos tudo, verificámos a viabilidade e aconteceu mesmo. Foi possível.
Quanto às gravações, tivemos receio… Entretanto falaram-nos que poderia haver ursos… Entre nós, brincávamos com o assunto. Mas estávamos alerta. Poderia aparecer um urso a qualquer momento. O lugar é especial, é único, basta verem o videoclipe para sentirem.

Em cada degrau uma nova vista. É o vosso lema? Podem explica-lo?

A cada passo uma conquista, em cada degrau uma nova vista. Sim, é o nosso lema, a nossa filosofia, porque o nosso percurso até hoje foi assim. Cada passo, por mais pequeno que fosse, tinha o seu significado, tinha a sua importância, e foram esses passos pequenos que nos fizeram chegar até aqui. Uma forma de reconhecermos as nossas origens e termos isso sempre em mente para nos mantermos com os pés assentes na terra.

De onde vem o  nome Calema?

De início, o nome do grupo era “Estrelas do Sul”, em alusão ao nome da esplanada de um amigo nosso onde jogávamos à bola na nossa infância. Depois de sairmos de São Tomé, procurámos outro nome com que nos identificássemos e refletisse o que somos. E entre todos os nomes havia “Calema”. “Calema” é um nome que se encaixa perfeitamente. Significa ondas. Como nós vimos de um lugar rodeado de praias e como as ondas trazem em si saudade de algo de que gostamos. Enfim, traz-nos o sorriso.

Causas sociais: O tema Tempo foi gravado no pinhal de Leiria e homenageia os bombeiros e as vitimas dos incêndios, em Portugal.  Porquê a associação a esta causa? O tema dos incêndios é um tema que vos toca de alguma forma mais especial?  

A situação tocou-nos bastante porque muitos destes sítios afetados pelos incêndios foram lugares nos quais passámos durante o verão e nos quais vivem pessoas que nos acompanharam. O tema é uma homenagem também às vítimas. É a forma que temos de contribuir para a sua recuperação psicológica. Esperamos, brevemente, poder voltar a fazer um espetáculo que reverta a favor dos bombeiros.

“Em 2019 vamos surpreender as pessoas”, disseram na sequência do êxito que foi o vosso último concerto de 2018, no Campo Pequeno. Como assim? Alguma novidades que possamos dar em primeira mão? 😊

Este ano é um ano muito, muito importante. Vamos dar os próximos passos arriscados, o objetivo é levar a nossa música o mais longe possível. Sobretudo a música cantada em português. Muitas novidades estão a caminho. Fiquem ligados às nossas redes sociais, porque é lá onde vamos atualizar as notícias.

Irmãos – quem são os irmãos Calema fora dos palcos? São unidos, em que divergem e quais os pontos em comum?

Fora do palco, somos pessoas normais, que adoram assistir a um filme aos fins de semana, ir à praia quando o tempo permite, divertirmo-nos com os amigos, com os familiares. Damo-nos muito bem. A nossa filosofia, desde muito cedo, passa por respeitar o espaço um do outro e, quando isso acontece, todas as coisas fluem. Adoramos desportos radicais, adoramos pesca. Sobretudo, pesca. Pesca submarina, pesca de cana. Somos simples e tranquilos.

 

 

Comentários

comentários