Em Maio, Xénia celebra 42 anos. E por mais que o tempo continue a passar, não se arrepende da decisão que tomou quando o seu primeiro filho, o David, nasceu há oito anos. Xénia sempre disse que, quando um dia a maternidade lhe batesse à porta, gostaria de abraçar a profissão, mais exigente e recompensadora do mundo, a tempo inteiro. Por isso, trocou o emprego fixo na área da banca pelas fraldas, pelo “primeiro dente”, “o primeiro passo”, a “primeira papa”: “não perdi os principais momentos dos meus filhos. Não queria que fosse a creche ou uma ama a presenciá-los, em vez da mãe”.
Antes de Manuel nascer (tem atualmente 16 meses), Xénia partilhou com a sua mãe a necessidade de fazer algo que lhe desse prazer e, simultaneamente, algum rendimento. “Estava a ficar stressada e a precisar de um escape às tarefas domésticas do dia a dia”, recorda. A mãe sugeriu-lhe a costura. Mas Xénia eliminou de imediato a ideia. “Afinal de contas, mal sabia coser um botão. Ao contrário da minha avó, que fazia as nossas roupas e adorava bordar”, conta-nos. Mas a mãe, inspirada pela tradição das agulhas na família, não desistiu e, num aniversário de Xénia, ofereceu-lhe uma máquina de costura. A história daquela que é hoje a página de facebook Baby by Samakaka começou assim. Com linhas, sonhos e muita vontade de aprender. Xénia costura peças para mamãs e bebés, de forma 100% artesanal, utilizando apenas materiais de qualidade. Inicialmente, começou por trabalhar como samakaka, um tecido de origem africana, a lembrar as origens da família de Xénia, que apesar de ter nacionalidade portuguesa, viveu parte da infância em Angola.
É um projeto individual e limitado à disponibilidade e à capacidade de Xénia. Mas a empreendedora gostava de lhe dar um novo rumo, de projetá-lo, de forma a que fosse o sustento dos seus filhos. É que entretanto nasceu Manuel. E, pouco tempo depois, o divórcio após 18 anos de relacionamento, trouxe-lhe novos desafios.
Xénia saiu de Lisboa e optou por procurar uma casa, perto da sua mãe, em Torres Vedras, onde se sente apoiada e pronta para arregaçar as mangas e…costurar. Falta-lhe orientação. Onde vender, como fazer o negócio crescer? Enviou-nos este sonho por carta. É o nosso “sonho” de Fevereiro. Vamos acompanhar a Xénia. E com este apoio – com a ajuda de pessoas especializadas em negócio e em têxtil – ajudamos uma família. Este sonho só faria sentido se fosse real, não concorda?
Xénia e os filhos
