Vacina COVID-10 EUA

“Já fui vacinada”, Cristina, 46 anos, portuguesa a viver em Nova Iorque

Cristina, portuguesa a viver com a família nos Estados Unidos da América, o país mais afetado pela pandemia, foi ontem vacinada contra a COVID-19, e fala-nos da experiência.

Há um ano que estão em teletrabalho, em casa, nos arredores de Nova Iorque. Os grandes edifícios de escritórios da “Grande Maçã”, outrora a rebentar pelas costuras de trabalhadores, ruído e vida, estão agora vazios. Nova Iorque, a cidade que nunca dorme, está deserta, garante Cristina. A última vez que se deslocou ao centro, para votar nas eleições presidenciais de Portugal, assistiu às ruas sem turistas e às lojas fechadas: “há restaurantes totalmente vazios, já sem mobília, para arrendar. Não aguentam a crise do confinamento”, conta-nos.

Também as escolas ainda não regressaram ao ritmo normal desde o primeiro confinamento. Fecharam em março passado, e em setembro, no início do ano letivo, reabriram por fases. O filho mais novo, no 1º ciclo, começou por frequentar a escola uma vez por semana e recentemente passou a ir quatro dias por semana. As mais velhas mantiveram as aulas à distância e, atualmente, já se deslocam duas vezes por semana ao estabelecimento de ensino.

Cristina acompanha o impacto económico e social da pandemia no país que escolheu para viver. “Viemos por dois anos, na sequência de um contrato de trabalho, mas estamos cá há mais de 20…”, conta. Os Estados Unidos continuam a ser o país mais afetado a nível global, em número de casos e de mortes (549 mil à data de hoje).

O que pode ajudar a explicar “a adesão em massa à vacinação”. “Confesso que fiquei surpreendida com a adesão à vacinação. A maior parte das pessoas quer ser vacinada”, conta-nos.
Nos Estados Unidos, a vacinação tem seguido uma ordem de prioridades. Os profissionais de saúde e bombeiros integraram a primeira linha. E Cristina conta que, no seu estado, professores e funcionários escolares estão também já a ser imunizados. A promessa do presidente americano Joe Biden é que todos os adultos no país sejam vacinados até o final de maio, dois meses antes do previsto anteriormente.

Cristina, 46 anos, acaba de ser vacinada. “Fui vacinada com a vacina Moderna, uma das três vacinas aprovadas pela  Food and Drug Administration para os Estados Unidos. Inscrevi-me online com o meu marido e deslocámo-nos a um centro de vacinação, improvisado num grande ginásio universitário, perto de casa. Estou qualificada para receber a vacina em Março porque tenho uma doença autoimune e porque sou voluntária: entrego refeições em casa de idosos que não podem deslocar-se. A minha filha tem 17 anos e, como também é voluntária, está qualificada para ser imunizada já em Maio”, partilha.

Quando em março de 2020, o estado de Nova Iorque se tornou o epicentro do surto do novo coronavírus nos Estados Unidos, Cristina também foi infetada: “não sabemos como aconteceu. Mas imagino que tenha sido no escritório do meu marido. Recordo-me de ele ter acordado certa manhã completamente encharcado e com febre. Mas passados dois dias, estava bem. Eu sofri com muitas dores lombares e também tive febre. Na altura, não fizemos teste. A recomendação é que não saíssemos de casa nem fossemos para o hospital, a não ser em caso de dificuldade respiratória. Imaginei que fosse COVID quando perdi o paladar. E tivemos a certeza quando, meses mais tarde, fizemos o teste serológico (teste que permite avaliar a imunidade a todos aqueles que possam ter contactado com o vírus). Segundo os testes aplicados a toda a família, eu, o meu marido e a minha filha tivemos COVID-19. Os mais novos, com quem estivemos sempre em contacto, não terão sido infetados, o que diria ser quase impossível”, refere.

Cristina considera que a vacinação decorre a um passo acelerado e de forma eficaz nos Estados Unidos. Está confiante de que as vacinas fazem parte da solução. E espera que, nas próximas férias em Portugal, possa já conviver de forma mais próxima com os familiares, ao contrário do que aconteceu em agosto passado, para proteger os familiares de mais idade. “Ainda assim, fomos para Portugal. A vida de emigrante depende sempre das férias no seu país natal”, reconhece.

 

Imagem: CANVA – Banco de Imagem

 

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