Ainda é tão difícil relatar o mundo.
Há dias, um relatório da UNESCO mostrava que 73% das mulheres jornalistas já sofreram violência ‘online’, incluindo ameaças de violência física, sexual e aos seus próximos. O relatório “The Chilling: Global trends in online violence against women journalists” (“O arrepio: tendências globais na violência online contra mulheres jornalistas”) mostra como as mulheres são limitadas na sua liberdade de expressão.
Este relatório conta com o testemunho de 900 jornalista de 120 países. E faz a análise das ameaças feitas a duas jornalistas. Uma delas, Maria Ressa, acaba de ser nomeada Prémio Mundial da Liberdade de Imprensa da UNESCO.
Nasceu em Manila, há 57 anos, e é nas Filipinas que investiga a corrupção e o tráfico de drogas. O que lhe valeu, nos últimos anos, muitos, muitos processos judiciais, detenções, ameaças, assédio.
Mas Maria Ressa não se dá por vencida. Encara mandados de prisão, paga fianças. E recomeça. Na sua luta – que é a nossa luta – por um mundo melhor. São estas Marias que, em outros locais do mundo, chamam-se Carole (UK) ou Felícia (Portugal) que também assinalamos hoje. Jornalistas resilientes na investigação que, no jornalismo, é – ou deveria ser – a base de tudo, para relatar o mundo.