Ómicron

“Ómicron não quer dizer gripezinha”

No passado dia 2 de Janeiro, o médico Gustavo Carona avançava “boas notícias” com um longo post no Facebook. Embora tenha tendência a “dar más notícias, do que boas”, como começou por escrever, o médico intensivista explicou que:

Novos estudos indicam que, em resultado das mutações, o vírus pode ter alterado a sua capacidade de infetar diferentes tipos de células. Ou seja, usando as palavras do professor de virologia da University College London, em entrevista ao The Guardian, a variante Ómicron parece ter maior capacidade de infetar o trato respiratório superior – células da garganta. Aqui consegue multiplicar-se mais rapidamente do que nas células do pulmão”.

O facto de a Ómicron multiplicar-se mais na garganta e ter menor probabilidade de danificar os pulmões, comparando com a variante Delta, pode ajudar a explicar, segundo os especialistas, por que é mais infecciosa, mas menos mortal do que as versões anteriores do vírus.

Estudos feitos com animais também permitem concluir que a recuperação é também mais rápida. Ainda assim, um alerta do Professor Stewart, do Grupo de Investigação de virologia molecular da Universidade britânica de Liverpool: “As primeiras indicações são uma boa notícia, mas isso não é sinal para baixar a guarda – há mortes por Ómicron. Nem todos podemos tirar as máscaras e festejar.”

“A Ómicron é uma carta fechada”, Fátima Lince, 47 anos

Na véspera do regresso à escola, Fátima decidiu voltar a testar as duas filhas, 9 e 13 anos, para confirmar os negativos que tinha obtidos nos dias anteriores. No domingo, contudo, os testes rápidos de antigénio para COVID-19 revelaram resultados positivos. Carolina e Carlota ainda não voltaram à escola, estão bem e sem sintomas. Ao contrário dos pais. “Nós já tínhamos equacionado este cenário, prevendo o dia em que também nós seríamos contagiados. Não percebemos como aconteceu, passámos o Natal e o Ano Novo em casa, temos evitado deslocações ao máximo. Sempre receei mais pelo meu marido, que é asmático. E de facto, após o contacto com a Saúde 24, pediram-lhe que se apresentasse no Hospital Beatriz Ângelo nas 12 horas seguintes, para ser observado. Mediante a consulta, prescreveram-lhe oxigénio no próprio hospital. Mas ele acabou por regressar, com uma medicação alternativa, visto eu encontrar-me mais debilitada e sozinha em casa com as duas filhas. Estamos informados de que a Ómicron tem efeitos mais leves, mas na verdade, é uma carta fechada. Eu comecei por sentir uma dor de costas, que se foi acentuando até a um mal estar geral, insónias… Eu raramente tenho uma dor, sempre fui uma pessoa saudável. Mas durante cerca de três dias, senti-me exausta, extenuada. O Benuron perdia o efeito antes das oito horas em que era suposto tomar novo comprimido”, relata a Diretora de Unidade de Negócio. Atualmente, a família Lince continua em isolamento mas acredita que o pior já passou: “o meu maior receio prendia-se com a evolução dos sintomas. Como estaria nas horas seguintes? A Ómicron não é, de facto, uma gripezinha”.

O casal e a filha mais velha estão vacinados. A mais nova tinha vacina agendada para esta semana.

Covid-19: Ómicron pode contagiar 50% da população europeia nas próximas semanas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê “o aumento de infeções com Covid-19, devido à rapidez de contágio da variante Ómicron”.
Em conferência de imprensa esta terça-feira, dia 11 de janeiro, o Diretor Regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, afirmou que, “mais de 50 por cento da população será infetada pela Ómicron nas próximas seis a oito semanas”.
De acordo com Catherine Smallwood, da OMS, “o mais importante é isolar imediatamente após testar positivo”.

Nas últimas 24 horas Portugal contabilizou mais 28 mortes e 33.340 casos de Covid-19. Há esta terça-feira menos 24 pessoas internadas nos hospitais portugueses.

Foto: Canva

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