Hans Zollner, colaborador do Papa Francisco na questão do combate aos abusos sexuais de menores na Igreja Católica, esteve esta terça-feira em Lisboa. E deixou a seguinte mensagem que, me parece, não deve passar despercebida.
“Temos de assumir que encobrimos crimes”, disse o responsável do Vaticano. Uma Igreja que tanto valoriza o perdão e a misericórdia revela “uma dificuldade em enfrentar” a sua responsabilidade, segundo o padre jesuíta alemão, um dos homens fortes do Papa.
“Há algo na cultura católica que torna, aparentemente, quase impossível dizer: admito que errei e assumo as responsabilidades, abdico, assumo uma penitência”, disse Zollner esta terça-feira, em Lisboa. “Não consigo perceber como é que é tão difícil, também para os responsáveis da Igreja, admitir o que correu mal. Quer dizer, acreditamos no perdão. Se perdoamos as pessoas com base no seu arrependimento individualmente, porque é que não podemos perdoar — e pedir perdão — enquanto instituição?”
O responsável do Vaticano disse que a criação de uma comissão independente para investigar os abusos na Igreja é “um grande passo”. Mas as suas palavras também são “um grande passo”.
Assumir erros. É um mal necessário.