Quais as maiores mudanças que afetam ou afetarão as mulheres/homens na faixa + 40? Foi a pergunta que “Júlia – De Bem com a Vida” colocou ao Professor de Sociologia da Modernidade no ISCTE, José Luís Casanova.
“Em termos prospetivos, o que é diferente de uma previsão pois trata-se de conceber cenários futuros não com a ambição da antecipação mas como instrumento para uma ação mais reflectida no presente, as maiores mudanças em Portugal serão partilhadas desde logo com os países que estão numa situação financeira similar na UE. Tais mudanças são, neste momento, inescrutáveis, e dependem do modo como na UE se vai resolver o problema das dívidas nacionais, ou seja da robustez da solidariedade europeia.
Mas as mudanças em Portugal estão também vinculadas à resposta que se der a desafios prementes comuns à humanidade, como a governação global, a transparência e regulação do sistema financeiro mundial, a luta contra a pobreza e a desigualdade, o investimento na ciência e na inovação, e a gestão das mudanças climáticas e da sustentabilidade.
Os portugueses com mais de 40 anos têm em comum terem nascido, no geral, antes de 1974, mas são diferentes em muitos aspectos. O modo como serão afectados por aquelas mudanças depende fundamentalmente da sua inserção na vida nacional e global em temos económicos, culturais, políticos e sociais.
Os excluídos, como os desempregados, os que têm escolarizações mais frágeis, os que concedem aos outros as decisões políticas, os socialmente conformistas, e sobretudo aqueles em que estas características se adicionam, poderão ficar ainda mais distantes de partilhar os benefícios dessas mudanças.
Os que têm trabalho, elevados graus escolares e qualificações, os que se envolvem na vida cívica e política, os inconformistas, e em particular os que acumulam estes traços e desenvolvem atividade com impacto a nível global, são os que participam em tais mudanças e estão, assim, melhor posicionados para aproveitar as novas oportunidades. O destino destes está, no entanto, profundamente ligado ao dos excluídos: a justiça social não é apenas para os desfavorecidos, e benefício para estes, mas para todos.”
Quem é José Luís Casanova?
Licenciado, Mestre e Doutorado em Sociologia pelo ISCTE, conta com vários trabalhos publicados como o livro “Naturezas Sociais”. Está neste momento envolvido no projecto de investigação internacional “Civil Engagement in Social Work: Developing Global Models (2013-2016)”.