Tem 82 anos, é o fotógrafo português há mais tempo no ativo e tem uma infinidade de histórias para contar. Fernando Corrêa dos Santos falou com Júlia- De Bem com a Vida a propósito do dia mundial da fotografia que se comemora hoje, dia 19 de agosto. E partilhou algumas das muitas fotos que tirou a Júlia ao longo da sua carreira.
A celebração da data tem origem na invenção do daguerreótipo, um processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre em 1837. Só 97 anos mais tarde nascia Fernando Corrêa dos Santos, mas é decerto a pessoa mais adequada no nosso país para nos falar desta arte. Nascido e criado no Chiado, em Lisboa, é onde ainda mantém residência. Com 13 anos sentiu o peso de uma máquina fotográfica e não mais parou. Nessa tenra idade, era aprendiz de laboratório, mas aos 15 já fotografava. “A ideia era poder transmitir às pessoas, por imagens, o que tinha acontecido. Aí ainda nem havia televisão”. Na década de 50 começou a colaborar com inúmeras publicações de seu nome O Mundo Ilustrado, Crónica, entre outras.
“Como já fotografo há mais de 60 anos, acompanhei muitas carreiras. A da Júlia foi uma delas.”, conta o fotógrafo a Júlia-De bem com a vida.
“Fotografo a Júlia Pinheiro há muitos anos… Eu é que a comecei a chamar de “Dama de Ferro”
revela-nos entre risos. Mas explica o porquê de caricato cognome.
“Ela estava na tv e andava sempre a apagar vários fogos. Ela era mulher para toda a obra, achava-a muito resistente e como tal apelidei-a a assim. Ainda no Big Show Sic tive essa conversa com ela e ainda nos rimos”.
Com 82 anos, Correa repete muitas vezes ao longo desta conversa: “Parar é morrer!” E como parar é morrer, o fotógrafo foi-se atualizando ao longo dos anos. “Vi-me obrigado a isso. Tenho um iphone, e até sei mexer no Instagram. Mas ninguém me ensinou nada. Ia vendo os outros e perguntando… Quando comecei, nem sequer sonhava que aparecessem telemóveis com câmaras fotográficas”, graceja.
“Hoje um repórter fotográfico pode estar numa ponta de um campo de futebol e fotografar a bola a entrar na baliza como se estivesse lá ao lado. Dantes tínhamos mesmo de estar quase em cima da baliza”, afirma.
Os anos de experiência trouxeram-lhe o respeito por parte dos colegas de profissão que lhe chamam de “mestre”, mas o repórter fotográfico afirma-se espantado com tanto cuidado. “Por vezes é preciso fotografar uma vedeta e os meus colegas afastam-se para que eu o faça primeiro, mas quero sentir-me igual aos outros” Com mais de 60 anos de carreira, Fernando Corrêa dos Santos deixa-nos com a sua sabedoria. “Hoje em dia qualquer um pega num telemóvel e faz fotografias. Mas o meu conselho para os mais novos é destacarem-se pela sua arte e técnica. O profissional de fotografia tem de ter uma sensibilidade bastante grande.
Texto por Marta Amorim
Fotos: Júlia Pinheiro, por Corrêa dos Santos