Ser mulher e trabalhar entre mulheres

Vanessa e Leonor integram a equipa de organização do festival Mexefest e trabalham maioritariamente com mulheres.

O que tem colocado as mulheres cada vez mais à frente nos mercados de trabalho?Leonor Dias  é diretora de marca da Vodafone e Vanessa Careta é programadora do Vodafone Mexefest. Ambas acreditam que o multitasking feminino não é mito e que é até uma das causas para que as equipas que integram sejam praticamente só de mulheres. A equipa de Leonor tem um total de 21 pessoas apenas dois são homens. Já a de Vanessa é constituída por 13 pessoas, sendo que só existem 3 homens.

A edição deste ano do Vodafone Mexefest contou com mais de 15 mulheres no seu cartaz de dois dias.

Haverá aqui uma tendência no feminino a nascer no mercado da música, e não só?

“Acho que sendo mulher estou um pouco mais atenta às vozes femininas e a estas mulheres fortes que andam aqui a fazer música”,

revela Vanessa, sobre o cartaz deste ano.

 

Foram dois dias de festival (25 e 26 de novembro), mas muitos outros (também de trabalho) ficaram para trás. Duas equipas diferentes unem-se para que a Avenida de Liberdade, em Lisboa, seja um único palco de música de tanto locais diferentes do mundo.  “O festival já tinha 14 palcos, o que por si só em dois dias já é muita coisa. É um conceito de rodízio de música para escolher o que gostas e já havia muita coisa que montar. Decoração, palcos… mas este ano quisemos trazer a música para a rua e o que aconteceu foi que o trabalho triplicou. Os concertos surpresa tinham que ser agendados, era tudo altamente secreto, o que é um desafio, porque as mulheres adoram falar sobre tudo…”, conta-nos Leonor.

“Alguém me perguntava se isto era uma nova tendência musical no Mexefest, mas não é, é uma feliz coincidência porque é um festival atento a tendências e só reflete as tendências musicais nos vários países, mas o que acontece este ano é que há uma comunidade luso-afro/brasileira. A lusofonia está em força e há aqui uma representação muito gira”, conta Leonor, depois de questionada por Júlia-De Bem com a Vida sobre o feminismo presente no festival.

Leonor confessa até que no que toca a tomada de decisões:

“ser mulher até é uma vantagem”

Será que é? É que até os homens começam a achar o mesmo. Kevin O’Leary, o investidor do programa de televisão Shark Tank revelou que as empresas onde investe e que mostram maior retorno são todas geridas por mulheres. O’Leary tem 27 companhias, sendo que 55% delas têm CEO’s mulheres.

“Se quer alguma coisa bem-feita, peça a uma mãe ocupada.”, respondeu-lhe um dia uma das suas gestoras, quando questionada sobre o sucesso. E certamente há quem tenha pontos negativos a apontar a uma convivência profissional quase exclusiva com mulheres, mas Leonor e Vanessa não. O multitasking feminino está na ordem do dia. E para além do aclamado saber fazer muitas coisas ao mesmo tempo, o que há?

“Não sei se também não haverá um bocadinho um espírito maternal que faz com que haja essa atenção a cada um e ao detalhe. Acho que há um QIE, um quociente de inteligência emocional que as mulheres têm e que muitas das vezes é desbloqueador de problemas, cria pontes”, refere Leonor.

Vanessa afirma ainda que no trabalho que desenvolve, e que naturalmente implica trabalhar com centenas de pessoas, é necessário criar um terreno comum e espaço para negociar.  “Se isso é uma coisa mais feminina? Se calhar é”, questiona. “Sejam homens ou mulheres do outro lado é sempre melhor o processo quando se percebe quem são, de onde vêm e se conseguimos de alguma forma nos encontrarmos a meio caminho. Tem funcionado sempre bem. Especulando muito, será que os homens têm mais dificuldade em fazer isso? Será que há mais orgulho? Não sei.”

“Há uma natural solidariedade”, clama Leonor.  Sendo mãe, há reuniões a ir, consultas às quais levar os filhos… Tarefas que são facilitadas pela empresa, e pelas colegas.  “A Vodafone é uma empresa muito à frente porque favorece muito a mobilidade, com acesso aos mesmos ficheiros e bases de dados que teria se estivesse fisicamente no escritório. Atualmente o que acontece muito é que pessoas com filhos que queiram ir dar de jantar ou ir dar banho consigam fazê-lo, mesmo com filhos pequenos, conseguindo às vezes ligar-se para compensar a uma hora mais tardia. E acabam por fazer isso no dia-a-dia sem que isso tenha qualquer tipo de cobrança de quem as chefia. Porque é percebido como natural e abraçado de uma forma positiva e construtiva. É daquelas coisas intangíveis, que têm muito valor, não se pode pôr dinheiro à frente disso”, conclui, de sorriso nos lábios.

 

 

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