Nicholas Winton, o “Schindler britânico” que salvou 669 crianças

Nicholas Winton, o “Schindler britânico” que salvou 669 crianças

A história deste vídeo viral que, em quatro dias, desde a data de publicação pelo Newsner  a 10 de agosto, recebeu 93.000 comentários e 5,2 milhões de partilhas.

Setenta e dois anos depois, a Segunda Guerra Mundial continua a ser palco de histórias surpreendentes de heróis anónimos. É o caso de Nicholas Winton, um britânico responsável por salvar 669 crianças de campos de concentração.

A História é repleta de pessoas extraordinárias, capazes de grandes feitos que não deixam ninguém indiferente. Nicholas Winton é uma delas. Considerado o “Schindler britânico”, Winton resgatou 669 crianças judias na antiga Checoslováquia durante a Segunda Guerra Mundial, uma operação que ganhou o nome de Kindertransport (transporte de crianças).

No final de 1938, Nicholas Winton, corretor da Bolsa de Londres na época, foi para Praga, atual República Checa, a convite de um amigo que trabalhava na embaixada britânica. O amigo pediu-lhe ajuda quando parte da antiga Checoslováquia caiu nas mãos dos nazis e foram criados vários campos de concentração.

Assim que chegou à cidade, o jovem corretor, de 29 anos, rapidamente percebeu que necessitava de autorização para conseguir tirar as crianças judias do país antes que a guerra começasse. Abriu, então, um “escritório” num hotel de Praga e era ali que recebia pais judeus desesperados que queriam salvar os filhos.

Após duras negociações e conversas, o britânico conseguiu que os representantes alemães permitissem a passagem das crianças pelas fronteiras da Checoslováquia, que o governo do Reino Unido autorizasse a entrada dos menores no país e encontrou, ainda, com a ajuda da sua mãe, famílias adotivas para essas crianças. E, assim, durante um ano, Nicholas Winton organizou comboios para transportar as crianças judias de Praga para a Grã-Bretanha.

O último grupo de 250 crianças tinha viagem marcada para dia 1 de setembro de 1939, mas o comboio não chegou a partir. Hitler invadiu a Polónia nesse mesmo dia, dando início à II Guerra Mundial. A maioria dos pais das crianças que Winton ajudou foi enviada para campos de concentração nazis e os jovens resgatados foram encaminhados para famílias ou centros de acolhimento, tornando-se, em muitos casos, os únicos elementos da família a sobreviver ao Holocausto.

Um segredo guardado durante décadas

O feito extraordinário de Winton permaneceu anónimo até 1988, altura em que a mulher, Grete, descobriu no sótão da casa um caderno com o nome das crianças resgatadas, bem como fotos e algumas cartas para os pais delas.

Grete Winton deu o caderno a um jornalista que, por sua vez, convidou Nicholas a assistir ao programa That’s Life, da BBC, no qual, para sua surpresa, ouviu a sua própria história. Ao mostrar a lista dos nomes das pessoas que Winton ajudou, a apresentadora pediu à plateia que todas as pessoas que foram ajudadas pelo britânico se levantassem e – para espanto do próprio – todos ao seu redor o fizeram. A vida de cada um dos presentes na audiência tinha sido salva por si.

Desde então, ficou conhecido como “Schindler britânico”, numa referência ao empresário alemão Oskar Schindler, que salvou centenas de judeus durante a II Guerra Mundial, tendo sido nomeado, em 2003, cavaleiro pela Rainha Isabel II pelo seu trabalho humanitário e, em 2010, condecorado pelo governo britânico com a medalha de Herói do Holocausto. Em 2014, Nicholas Winton foi também agraciado com a medalha da Ordem do Leão Branco, a maior condecoração que uma pessoa pode receber na República Checa.

A história de Winton, que faleceu em 2015 aos 106 anos, é emocionante e continua a ser lembrada.

Comentários

comentários