Em busca da Liberdade na Água, 2016, por Anna Boyiazis
No arquipélago de Zanzibar, tudo gira em torno da água. Ainda assim, as jovens que aqui vivem nunca aprendem a nadar. A cultura islâmica conservadora desencoraja-as a entrar na água.
A fotógrafa Anna Boyiazis tem acompanhado o Projeto Panje, que trabalha com mulheres e jovens locais, fornecendo-lhes fatos de banho completos e desafiando tabus para ajudá-las a aprender essa habilidade vital.
Esta foto é uma das candidatas ao Prémio CAP, uma iniciativa que visa premiar fotógrafos que retratam quotidianos do continente africano e/ou diásporas. O prémio de fotografia africana contemporânea reúne artistas da Nigéria, Costa do Marfim, Angola, Europa, Estados Unidos e dá a oportunidade aos vencedores de partilharem os seus trabalhos em grandes exposições internacionais.
Este ano, já existe uma shortlist de 25 artistas. Entre eles, descobri a Anna Boyiazis, graças a esta fotografia fantástica. Anna nasceu em Los Angeles, EUA, em 1967 e, através da sua lente, mostra-nos uma realidade, para muitos desconhecida.
O dia a dia no arquipélago de Zanzibar gira em volta do mar. Contudo, a maioria das jovens que vivem nas ilhas nunca aprende a nadar nem adquire qualquer habilidade de natação, consideradas fundamentais. Recorde-se que a taxa de afogamento no continente africano é a mais alta do mundo.A cultura islâmica conservadora e a ausência de roupas de banho têm feito com que os líderes da comunidade desencorajem as jovens de nadar. Até agora.Nos últimos anos, o Projeto Panje possibilitou que mulheres e jovens locais entrassem na água, para aprenderem natação, mas também técnicas de segurança aquática e de prevenção de afogamento. Têm sido fornecidos fatos de banho completos, para que possam entrar na água sem comprometer as crenças culturais e religiosas.
Há quem defenda que este é um importante primeiro passo em direção à emancipação. A educação – seja dentro ou fora da água – serve como um trampolim para as jovens reivindicarem os seus direitos.
Liberdade na Água, 2016, por Anna Boyiazis
Ainda assim a ideia não agrada a todos os líderes africanos, educados segundo um sistema patriarcal que desencoraja as mulheres de exercerem outras atividades além das domésticas.
