Faz hoje três meses que nasceu a Cifrão Dance School, a nova escola de dança de Cifrão, criada em parceria com o Holmes Place, para “pôr Portugal a dançar”.
Cifrão é hoje um nome que praticamente dispensa apresentações. Associá-lo à série Morangos com Açúcar, que destapou as potencialidades do bailarino Zé Milho (a personagem) e criou um fenómeno musical surpreendente entre o público jovem, a banda d’zrt, é um cliché obrigatório.
Cifrão estava de regresso de Londres, onde estudou no Teatro Musical, quando foi apanhado pela “febre” Morangos. Já lá vão quase 15 anos da temporada 2, mas a primeira cena que Cifrão gravou, na Ericeira, mantém-se bem fresca na memória: “Estava com a Rita Pereira, o Diogo Valsassina, a Cláudia Vieira, entre outros, e recordo-me de o realizador me pedir que desse a minha primeira ‘deixa’ de cabeça para baixo”.
À parte do episódio equilibrista, Cifrão sempre teve os pés bem assentes na terra. Manuela Maria, a atriz responsável pela direção de atores da série, fazia por isso. “Nós criámos uma base muito forte de trabalho graças a ela”.
Não há páginas que consigam contar todas as experiências vividas nesta fase profissional. Mas há momentos únicos. Aqueles em que o público fiel chegava a esperar três horas por um concerto dos d’zirt. “Era muito complicado conciliar gravações de Morangos com os concertos. Um dia, numa estrada de curva contra curva, com destino a um concerto em Barcelos, tivemos que nos vestir em plena viagem. Recordo-me que quando lá cheguei, a pressa era tanta de chegar ao palco, que não tive tempo de calçar um sapato. Fiz todo o concerto descalço. A verdade é que, sempre que subíamos a palco, os ânimos acalmavam-se e o público ficava ali, para nos ouvir”.
Primeiro, o trabalho. A dança. E as recompensas têm surgido por acréscimo, fruto do olhar focado de Cifrão naquela que é uma espécie de missão pessoal e intransmissível: “tenho o sonho de deixar a dança melhor do que a encontrei quando cheguei” .
Cifrão só pode estar no caminho certo. É de Cifrão, a coreografia do genérico da novela “A Herdeira”, vencedora do “ouro” nos Prémios Criatividade Meios & Publicidade. É de Cifrão, a ideia e a direção artística de uma companhia de dança online, um projeto premiado e inédito que leva espetáculos de dança, com bailarinos de carne e osso, a qualquer pessoa – basta estar em frente a um ecrã com ligação à internet. Com Cifrão na linha da frente, a Online Dance Company tem vindo a arrecadar prémios internacionais. O primeiro lugar nos Audience Awards, em Novembro de 2017, pertence a um dos vídeos da Companhia, “There’s no Age for Dancing” com os bailarinos Michel de Roubaix e Francisco Tiago.
Cifrão sabe que existem “Ronaldos” na dança. Conhece grandes bailarinos “que levam a sua arte cada vez mais longe”. E todos os seus projetos nascem desta vontade de dar o protagonismo merecido aos bailarinos e de fazer com que cada vez mais pessoas queiram dançar.
A Cifrão Dance School, disponível para já em seis clubes Holmes Place (Algés, Alvalade, Dolce Vita Tejo, Arrábida, no Porto, Coimbra e Braga) tem Kizomba, Salsa, Danças de Salão, Ballet, Hip Hop e Activos +, ou seja, pessoas com mais de 65 anos.
Dançar é um desafio para todos. E a seguinte história é real e especialmente útil para os mais inibidos:
Era uma vez um miúdo que desce cedo percebeu o que queria fazer no futuro. Inspirado pelo exemplo empreendedor dos pais, Vítor iria ser gestor de empresas. A primeira surgiu aos 13 anos, em sociedade com um amigo. Vítor fazia e vendia capirinhas e batidos que nem gingas. Primeiro na Costa da Caparica, depois, também no Porto e onde calhasse. O negócio foi crescendo, a par e passo com uma vergonha mal resolvida. Vítor gostava de trabalhar. Mas também gostava de sair à noite e divertir-se com os amigos. O problema: não sabia dançar. No momento em que a pista abria, Vítor recuava à zona de conforto: qualquer parede era um bom encosto. Mas Vítor, sempre esforçado e empenhado, decidiu um dia ultrapassar esse entrave. Começou a dançar. Até hoje. Vítor Fonseca é o nome de Cifrão, bailarino, coreógrafo, cantor e ator.
Uma saudade… Angélico. Era meu irmão. Tenho saudades de partilhar com ele as minhas vitórias e derrotas.
A minha melhor amiga… a minha namorada. Nós conversamos muito. Nunca deixamos nada para trás. Nunca fica nada por dizer. Trabalhamos muito bem juntos. Não somos pessoas complicadas.
Um momento de lazer... andar. Dou muitos passeios com as minhas cadelas.
Sou péssimo... na cozinha.
Um talento escondido… malabarista
Estar de bem com a vida é… fazer sempre aquilo em que acreditamos.
Fotos: Cifrão Instagram