Há quem se arrependa de ter perdido os primeiros momentos dos seus filhos. Eu tive essa perceção e consegui. Fui a tempo”, Boss Ac

Há uns meses, dancei um funaná no estúdio da SIC ao som de uma música de Boss AC (Anda cá ao papá). Agora que entrevisto o AC na sequência do  lançamento do novo single do seu mais recente álbum, começo a conversa por perguntar-lhe se a minha dança… passou despercebida.

“Não. Eu até partilhei na minha página de instagram”, responde o Boss AC. Portanto, está quebrado o gelo inicial. Vamos ao que interessa? Depois de míticos sucessos como “Sexta-Feira (Emprego Bom Já)”, Baza Baza”, “Hip-Hop (Sou Eu E És Tu)” ou “Boa Vibe”, a verdade é que “A Vida Continua”. Mas porquê a pausa até este último álbum? “A pausa aconteceu em termos de edição”, explica Ângelo César, cujas iniciais deram origem ao nome AC, a que mais tarde os amigos acrescentaram Boss.

O Boss, para os amigos, manteve-se ausente da edição. A razão oficial chama-se pausa técnica. Mas há uma razão emocional que explica por que passou a dedicar-se mais à escrita e menos aos horários intensos que a vida de palco exige. O(s) motivo(s) chama(m)-se Eva e Mel, atualmente com 4 e 2 anos.

“Tenho tido feedback de pessoas bem sucedidas que hoje olham para trás, arrependidas de não terem vivido momentos importantes da infância dos seus filhos. E elas já não podem voltar atrás. Eu tive essa perceção e consegui. Fui a tempo”.

O Boss, que prefere ser chamado de AC, conta que não há dinheiro nenhum do mundo que substitua a primeira vez que se ouve “papá”. O Boss AC fez de tudo um pouco no pós-parto: mudou fraldas, deu papa, banho. Partilhou turnos para dar biberão durante a noite e assumiu tarefas que o vão ligar para sempre às suas filhas:

“eu é que tratei sempre do umbigo das bebés”. É a primeira vez que fala sobre estes pormenores da paternidade, desabafa o cantor que, desde pequeno, apesar de acompanhar a mãe (Ana Firmino é uma cantora cabo-verdiana) nos seus concertos, sonhava ser inventor.”

Estava mais próximo de Einstein do que de Boss AC. Mas o hip hop cantou mais forte e, perante o êxito de “Rapública”, não havia hipótese para marcha atrás. A progressão musical continuou de vento de poupa e Boss discorda quando sugiro que o maior sucesso teve lugar à “Sexta-feira”.

É sexta-feira
Suei a semana inteira
No bolso não trago um tostão
Alguém me arranje emprego
Bom bom bom bom
Já já já já

AC corrige-me. Primeiro que tudo, “o maior sucesso ainda está para vir”, como AC acredita sempre. Depois, sexta-feira pode não ter sido o seu maior êxito, mas terá sido certamente o mais abrangente, cuja letra esteve na ponta da língua de pessoas dos 8 aos 80.

Mas, o que é uma música de sucesso? “Para mim, o que faz o sucesso de uma música é a sua capacidade de tocar as pessoas com as minhas ideias. Mais do que a música tocar nas rádios…”, responde.

E passados 13 anos de músicas como “Ritmos, amor e palavras”, há quem encontre AC e lhe diga: “a sua música mudou a minha vida”.

“A Vida Continua…” é o novo álbum de AC. E o tema Catchupa, gravado em parceria com os Supa Squad e Sali é (só) um aperitivo. E que aperitivo! “Diria que é uma lufada de ar fresco deste álbum”, conta AC.

O videoclipe do tema tem a participação do Chef Avillez: “o Chef, não só nos proporcionou o espaço do restaurante (Bairro do Avillez) para a gravação do videoclipe, como gentilmente aceitou participar na “brincadeira” (um concurso de cozinha) e perder, para eu ganhar com a cachupa. Só mesmo na ficção consigo ganhar a um grande Chef como o Avillez”.

Está aberto o apetite. Vamos ouvir:

 

 

 

Há quem se arrependa de ter perdido os primeiros momentos dos seus filhos. Eu tive essa perceção e consegui. Fui a tempo", Boss Ac julia-funana-Boss-Ac

O momento funaná à frente das câmaras!

 

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