Ninguém é insubstituível?

Hoje, 11 fevereiro, é Dia Mundial do Doente!

O impacto do médico na saúde do doente.

 

Crónica,
Por Ana, Mãe de uma criança especial
Mulher, Mãe… de Bem com a Vida

Ouvi recentemente esta frase a propósito da substituição da médica pediatra que seguia as minhas filhas. Uma médica extraordinária que decidiu trocar o seu lugar num hospital  privado para se dedicar a ser médica de família no centro de saúde da sua área de residência.

A notícia deixou-me surpreendida e não consegui disfarçar o meu desapontamento por ter de eleger outro médico. Fiquei feliz por ela porque sabia que procurava uma forma de vida mais calma e mais disponibilidade para a família. Mas por outro lado, as qualidades profissionais e humanas que aquela médica reúne fazem dela uma dessas pessoas que, apesar de termos uma convivência ocasional, deixam um vazio quando “deixam de estar ali”. Quando eu ainda me encontrava a processar a notícia da sua substituição, ouvi alguém referir que apesar de se tratar de uma ótima médica ela fazia parte de uma equipa e que os restantes membros dessa equipa mantinham-se disponíveis. E a mesma pessoa acrescentou: “Ninguém é insubstituível”.

Eu confesso que, se esta frase nunca me convenceu, naquele momento pareceu-me ainda mais desprovida de qualquer sentido. Para mim não é substituível! Pode vir outra/o médica/o, pode ter muitas qualidades, mas trata-se de outra pessoa, outro relacionamento; uma coisa não tem nada a ver com a outra. Imaginem o que seria dizer a alguém que perde um ser querido que “ninguém é insubstituível”! É verdade que algumas pessoas poderão argumentar que essa frase foi feita a pensar num contexto laboral ou profissional. Bom, talvez numa grande empresa, ou, melhor dizendo, numa empresa grande, um trabalhador seja um número independentemente das funções que desempenhe. Mas será sempre assim?

Se pensarmos em todos os profissionais que conhecemos ao longo da nossa vida, todos tivemos algum professor especial que nos transmitiu a paixão por uma determinada disciplina, ou um médico ou cirurgião que transmite tranquilidade e confiança como nenhum outro; e o mesmo relativamente a todas as profissões. Enfim, todos temos um profissional preferido, a quem confiamos determinadas funções. Há pessoas que entregam o melhor de si em tudo o que fazem, e isso faz delas especiais no seu labor. O seu posto de trabalho pode ser substituível; elas não! Por isso, ainda que no campo profissional, essa frase, na minha opinião, não é muito verdadeira.

Mas, e se passarmos para o campo das relações pessoais? Será que faz algum sentido dizer que ninguém é insubstituível? Pois eu digo que não. Cada pessoa tem o seu lugar, único e especial. Uma pessoa não ocupa o lugar de outra pessoa. Uma pessoa que seja especial para nós, ainda que não faça parte da nossa vida, terá sempre o seu lugar, o seu significado, o sentimento que lhe corresponde. Não há ninguém que ocupe o seu lugar!

Bom… não tinha passado uma semana, e essa médica tão especial enviou-me uma mensagem para o telemóvel a dar-me o seu número e a assegurar-me que, apesar de ter mudado o posto de trabalho, continuava disponível para o que fosse necessário! Eu tinha ou não razão?

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