Dia Internacional da Mulher marcado pela violência doméstica

Conferências, exposições, debates assinalam o dia 8 de Março com vários progressos conquistados. Mas a mulher que foi morta pelo marido, em Vieira do Minho, esta quarta-feira, sublinha e aumenta o número de vítimas de violência doméstica. Não é só uma mancha nas celebrações do dia 8 de março. É um grito por medidas. Urgentes.

Ontem foi dia de luto nacional pelas vítimas da violência doméstica.

“Portugal terá um dia de luto nacional precisamente como protesto pelo facto de, nos primeiros meses deste ano, termos assistido ao que aparenta ser, e espero que não seja, uma escalada em termos de violência doméstica, e concretamente de violência sobre mulheres”, disse o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

Ana Paula Fidalgo, de 39 anos, assassinada esta quarta-feira em Vieira do Minho, distrito de Braga, foi a 11.ª mulher vítima de violência doméstica desde o início do ano. O marido, António Fidalgo, de 44 anos,  confessou o crime no posto da GNR de Braga. “Um casamento a três não funciona”, terá comentado António no facebook.

Em 2018 morreram 28 mulheres vítimas de violência em contexto doméstico, segundo a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta).

No Reino Unido, o jornal britânico The Guardian avança as mesmas preocupações. Faz uma semana que Sally Challen assassinou o marido, na sequência de abusos prolongados a que tinha sido sido sujeita pelo parceiro. Os casos de violência doméstica aumentaram em Londres, (63% em sete anos), destaca o jornal.

Neste país, existe uma lei que permite às mulheres terem acesso ao histórico criminal dos seus parceiro. A polícia é obrigada a revelar esta informação. A lei (Domestic Violence Disclosure Scheme) passou a ser conhecida como Lei de Clare em homenagem a Clare Wood, uma mulher que foi morta aos 36 anos por um homem com histórico de violência.

Em Portugal, que assinala pela primeira vez, um dia de luto nacional pelas vítimas de violência doméstica, estão a ser pensadas medidas de combate. Entre elas, a proposta de tribunais especializados em casos de violência doméstica.

Recorde-se que em Portugal, de acordo com o Manifesto 8M, as mulheres representam 80% das vítimas de violência doméstica e 90,7% das vítimas de violência sexual.

O Sindicato dos Jornalistas, solidário com a Greve Internacional Feminista, também se pronunciou. Em comunicado, declara que “as mulheres jornalistas estão hoje sujeitas a condições de trabalho (ainda) mais vulneráveis, com níveis de precariedade, insegurança laboral, desigualdade salarial e assédio superiores aos registados pelos jornalistas homens, que devem igualmente ser denunciados”.

 

 

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