Os meus novos vizinhos

Hoje falo-vos dos meus vizinhos. Pelos melhores motivos.

Faz um ano que mudei de casa. E, embora com nova morada, abandonar o centro da cidade nunca foi opção. Gosto do ambiente cosmopolita, das dinâmicas e do frenesim urbano. Dizem que a cidade arrefeceu, que o afeto e que as relações praticamente não existem. Por isso conto-vos esta história. De uma Lisboa que sabe acolher.

Há um ano, quando me instalei nesta nova casa, fui surpreendida com um jantar de boas-vindas, oferecido por todos os inquilinos do prédio. E não o fizeram para receber uma família que está ligada à televisão. Fizeram-no porque faz parte do ritual e da arte de bem receber desta vizinhança. Fizeram-no porque a proprietária é uma espécie de anjinho da guarda, em constante zelo pelo bem-estar dos seus “hóspedes”. O gesto comoveu-me. Uma mesa cheia de pessoas empenhadas em recuperar a tradição das agradáveis convivências da cidade.

A mim, parece-me que o significado de vizinhança mora aqui. Ou seja, pessoas que, respeitando a privacidade umas das outras, estão ali para abrir a porta sempre que o vizinho precisar. Saber que um dia, se precisarmos, temos alguém do outro lado, é profundamente reconfortante.

Este ano, chegou a minha vez. É a minha vez de sentar a vizinhança toda à mesa e retribuir o que não tem preço: a vizinhança à moda antiga. Ou o que se entender designar a esta forma simpática de viver na cidade.

Vai dar-me um trabalhão a compor a mesa. Mas sobretudo vai dar-me muito prazer.

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