Sónia Costa Tina Turner

“O Nicolau Breyner ia ver-me cantar, dizia que era parecida com a Tina Turner. Chamava-me chocolate branco”, Sónia Costa

Tinha 13 anos quando ouviu o We Are the World, uma música que juntava mais de 40 nomes norte-americanos num projeto para combater a fome no continente americano (USA for Africa). Foi assim que descobriu Tina Turner pela primeira vez. A voz que marcava a diferença no grupo e que haveria de marcar toda a carreira de Sónia Costa. A vencedora do Chuva de Estrelas, o “chocolate branco” (como Nicolay Breyner a chamava quando a via cantar no bar de Represas), continua a pisar o palco inspirada pela garra de Tina, que acaba de completar 80 anos. É sobre isso que falamos com Sónia Costa. E ainda sobre uma novidade em primeira mão. 

Tina Turner acaba de celebrar 80 anos. Conta-nos, Sónia, quando e como começou a tua admiração pela miss “hot legs”?
Comecei a cantar aos 5 anos e até aos 12 cantava fado (influência familiar). Embora muito nova achei que era aquele tipo de música que gostava de cantar. Aos 13 vi o USA for Africa em que vários artistas interpretaram a música we are the world e que na altura correu o mundo. Comecei a interpretar a música, a querer cantá-la e ouvia minuciosamente todas as vozes. A voz da Tina Turner era a mais marcante e fazia a diferença. Apaixonei-me. Disse, a partir daí, que um dia iria cantar como a Tina e ser artista.

E quando/como nasceu essa vontade de interpretar a rainha Tina Turner?

Não sei se inicialmente houve uma vontade imediata. Eu gostava de interpretar, concorri a concursos de interpretação que estavam em voga nos anos 90, o Chuva de Estrelas por exemplo, e ganhei dois na SIC, em 1995. E antes de gravar o primeiro álbum tive um percurso que passou pelos bares, casinos e cruzeiros. Entretanto, fiz uma residência de um ano no bar do Luís Represas. Interpretava vários artistas mas pediam-me sempre Tina Turner. Lembro-me do Nicolau Breyner, que me ia ver muitas vezes, dizer que eu era parecida com a Tina e chamava-me chocolate branco. Fui depois convidada para fazer um tributo à Tina em Pombal e a ideia de um espectáculo mais forte acompanhou-me até hoje.

Fala-nos do Celebration – Tributo to Tina Turner. Algum dos seus temas é o teu preferido? (Missing you, Private Dancer, The Best) Porquê?

Este espectáculo não é apenas um tributo. É uma dedicatória. A Tina Turner marcou mais do que uma geração e merece ser celebrada. As músicas dela são intemporais. Mexem connosco. Gosto muito de cantar os meus temas, as músicas que fiz à minha imagem. Mas também gosto que aquilo que se fez de bom perdure no tempo. Se puder proporcionar a recordação dessas boas memórias, ainda que pontualmente, às pessoas que gostam da Tina e que gostam de me ouvir, sinto-me feliz.

Não tenho temas preferidos, mas talvez o que me toque mais seja o Missing you.

O que mais te inspira na vida de Tina Turner e o que mais consideras ter em comum com a cantora?

Talvez o lado trabalhador, árduo e turbulento. É o que mais me motiva e o que mais sinto que temos em comum. A motivação de ser reconhecida e de fazer o melhor para transformar algo simples em diferente! Sempre gostei da diferença. O poder de fazermos que nos dá felicidade, a força de prosseguir mesmo com tanta resistência.

25 anos de carreira – qual tem sido o segredo do sucesso da tua carreira?

Não considero ter tido um sucesso constante. Tive momentos. A minha carreira tem sido pautada pela luta constante de querer fazer aquilo que considero saber fazer – cantar! Durante muito tempo fi-lo sozinha, sem agenciamentos ou assessorias. Bati a muitas portas. Por achar que é este o meu caminho. Também fiz teatro, fiz televisão. Mas é na música que me sinto realizada. O segredo é não parar. É não desistir. Por mais poético que isto possa parecer. Não devemos desistir nunca.

Fala-nos dos teus próximos projetos.

Lancei um single no final de 2017 chamado “Não te deixes cair” que continuo a promover. Ando também na estrada com esta minha homenagem à Tina Turner, com alguns espectáculos agendados para os próximos meses.

E estou também a preparar uma música para o verão de 2020 e que pretende celebrar precisamente os meus 25 anos de carreira (esta novidade é dada em primeira mão).

Dicas para chegar aos 80 e dizer como Tina: “estou ótima”.

Ter a mesma alegria que ela tem pela vida. Comer bem. Praticar desporto, que para mim é essencial. E rodearmo-nos de pessoas que acreditam em nós e no nosso talento. Sei que parece um clichê mas à medida que a idade avança, é um lema que me faz mais e mais sentido.

"O Nicolau Breyner ia ver-me cantar, dizia que era parecida com a Tina Turner. Chamava-me chocolate branco", Sónia Costa Sónia-Costa

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