No estúdio, perguntavam-me o que tinha aprendido de novo sobre aquela que foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante prémio literário da língua portuguesa, o Prémio Camões (em 1999).
“Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.”
Ainda estou a meio da Biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen. Sabia que o seu avô materno tinha sido médico do Rei D. Carlos. Mas nestas páginas estou a descobrir muito mais sobre a sua família. A biógrafa, Isabel Nery, através de muitas entrevistas, documentários, arquivos, filmes, fala-nos do bisavô de Sophia, Jan Andresen, originário da pequena ilha de Föhr, no mar do Norte. Aqui mais uma explicação para a ligação de Sophia ao mar.
Fala-nos ainda de Sophia, enquanto mãe.
“Tem uma frase muito engraçada em que dizia: ‘Eu gosto muito dos meus filhos, mas um de cada vez…’ E eu percebia isso perfeitamente.”, Miguel Sousa Tavares, in DN
E do seu casamento apaixonado com o jornalista e advogado Francisco de Sousa Tavares, com quem teve cinco filhos.
Surpreendeu-me, também nesta obra, ler o fascínio de Sophia pelo Algarve, numa altura em que o Algarve estava ainda bem longe de ser destino turístico. “Aquela luz”, como diz Sophia, faz-nos viajar no tempo.
Contemporânea de Eugénio de Andrade, Alexandre O’Neill e prima e Ruben A. (fiquei também a descobrir), Sophia é um expoente máximo da poesia. Escreveu contos, ensaios e teatro. Traduziu Shakespeare, Claudel, Dante.
E eu, que gosto de biografias, tinha que ler esta.
