Paris - Le Parisien - COVID-19

“Os meus vizinhos continuam a fazer jantaradas em casa com os amigos até altas horas”, Sofia, portuguesa, vive em Paris há 11 anos

7 abril. 1,396,675 pessoas infetadas com COVID-19 em todo o mundo, 79,513 mortes e 298,508 pessoas recuperadas.

França ocupa neste momento o quinto lugar dos países com maior número de infetados – 109,069 casos confirmados.

Contabiliza no total 10,328 mortes por coronavírus e 19,337 pessoas recuperadas. Na semana passada, em guerra contra o “inimigo invisível”, o presidente Emmanuel Macron declarou a operação militar “Resiliência” que consistiu em transportar doentes para outras regiões francesas e para países vizinhos como a Alemanha, Bélgica, Suíça e Luxemburgo, com o objetivo de aliviar os cuidados intensivos dos hospitais de Paris.

Ainda assim, segundo as declarações de hoje, do Ministro da Saúde francês, Olivier Véran, a epidemia está em fase de agravamento e o pico epidémico ainda não chegou.

Hoje mesmo foram tomadas novas medidas. Correr ou praticar outra atividade física fazia parte dos cinco motivos autorizados para sair de casa durante o isolamento (além de sair para trabalhar, para comprar produtos de primeira necessidade, para cuidados médicos e para visitar familiares dependentes). Hoje, a autarquia de Paris e a polícia emitiram um comunicado que restringe a prática de atividade física na rua, das 10h às 19h.  “O número expressivo de pessoas a fazer “jogging” em Paris, podendo espalhar gotículas de saliva e de suor no trajeto, tem sido criticado por profissionais da saúde”, lê-se no site da rádio francesa RFI.

Apesar das medidas de isolamento e distanciamento social, o diretor da rede de 39 hospitais públicos da região parisiense, Martin Hirsch, condena alguns comportamentos que ainda se verificam: “Ainda há muita gente nas ruas”, disse, em declarações à rádio.

Sofia é portuguesa, trabalha há 11 anos na banca, em Paris, e concorda com o responsável.  “A falta de respeito e de noção das pessoas… Para muita gente aqui em Paris, ter de ficar em casa é como estarem de férias… Os meus vizinhos, um casal de jovens de 30 anos, continuam a fazer jantaradas em casa com os amigos até altas horas”, conta.

“No domingo passado, esteve um dia de sol maravilhoso e mostraram as ruas de Paris apinhadas de gente…”, acrescenta.

Sofia faz parte dos “confinados”: “em Paris, estamos confinados em casa há cerca de 3 semanas e, até novas indicações, as recomendações são para manter até dia 15 de Abril, pelo menos…. No meu caso, evito sair ao máximo e tenho a sorte de poder fazer teletrabalho. De vem quando, vou apanhar ar para a varanda”.

Das notícias que vai acompanhando de Portugal, o seu país natal e onde está o seu pai, entre familiares e amigos, Sofia estabelece comparações: “relativamente às medidas tomadas em França, parece-me que Portugal está a lidar muito melhor com a epidemia. Aqui, em França, por exemplo, começaram agora a dizer às pessoas para usarem máscara ou para cobrirem o nariz e a boca… ninguém fala em desinfetar embalagens ou sacos das compras como aí em Portugal. Aqui as recomendações passam essencialmente por lavar as mãos quando se chega a casa (…). Eu cumpro a minha parte e fico aliviada por saber que em Portugal as coisas estão mais organizadas e que a minha família e amigos podem correr menos riscos do que aqui”.

Entretanto, Anne Hidalgo, a Presidente da Câmara Municipal de Paris, comunicou esta tarde que vão ser distribuídas 2 milhões de máscaras nos próximos dias, para os parisienses.

 

 

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