Filipe Duarte, A Febre do Ouro Negro, RTP

Mil vezes, obrigada. E até sempre. 

Hoje, um sopro frio tomou-me os sentidos e o coração por um homem que nunca conheci verdadeiramente, mas que admirava profundamente. Filipe Duarte, actor de excelência e artista de escolhas criteriosas e amadurecidas, deixa-nos para sempre. Tinha 46 anos, não foi vítima da pandemia (tanto quanto se sabe) mas de um enfarte de miocárdio. Pipo, como era conhecido no meio artístico, um homem discreto, diria tímido, era um artista na plenitude da sua arte e mestria. Encontrámo-nos poucas vezes, mas guardo como um tesouro o facto de ele ter protagonizado a única ficção em que participei como co-argumentista. A obra em questão foi a A Febre do Ouro Negro, guião escrito tendo como ponto de partida uma reportagem da Felícia Cabrita e que acabou como texto televisivo, assinado por Manuel Arouca, Felícia Cabrita e por mim. Foi a minha única incursão na escrita de guiões de ficção, matéria muito complexa e exaustiva. Das muitas sessões de trabalho de escrita e posterior escolha de elenco, o nome Filipe Duarte foi óbvio e consensual. Só o Pipo poderia ser o nosso protagonista, mineiro, contrabandista e justiceiro. E ficou mais uma assinatura num trabalho de ficção de época. Inteiro, singular e único. E não poderia ter sido outra pessoa a fazê-lo.

A nossa Febre foi a dele.

Mil vezes, obrigada. E até sempre.

Foto: A Febre do Ouro Negro, 2001, RTP. Filipe Duarte, na foto com Adelaide de Sousa.

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