11 maio 2020. 4,235,237 casos de Coronavírus em todo o mundo, 285,946 mortes e 1,519,089 pessoas recuperadas. Na Suíça, há 30,344 casos diagnosticados (em Portugal, 27,679) e 1845 mortes (em Portugal, 1144).
A segunda fase de desconfinamento começou hoje na Suíça. Os supermercados e as farmácias mantiveram-se sempre abertos. Numa primeira fase, a 27 de abril, abriram, com medidas de precaução (como o uso de máscaras), floristas, salões de beleza e cabeleireiros. A segunda fase teve início hoje. A partir de 11 de maio, grupos até 4 pessoas e famílias com filhos podem ir a restaurantes. E além da reabertura de lojas, museus e bibliotecas, também as escolas primárias abrem portas.
O casal português Leal vive na Suíça e tem dois filhos, uma menina de 7 anos e um rapaz com 10. A mãe Tânia fala-nos sobre o regresso às aulas na Suíça: “eles passaram o fim de semana calmos, mas ontem à noite, começaram a sentir aquele frio na barriga tal era a excitação de regressar à escola e rever os amigos, mas também devido ao receio que sentiam por não saberem como tudo se iria processar neste novo mundo amedrontado pelo Coronavírus. Tranquilizei-os, revimos todas as regras de higiene a colocar em prática e concluímos, juntos, que iria ser uma fase diferente, mas uma boa fase”.
Tânia conta-nos que “os casos de Coronavírus em crianças na Suíça são inexpressivos e nos que existem, as crianças, são, na sua maioria, assintomáticas. A comunidade médica e política suíça tem o seu foco voltado para a proteção dos adultos, em especial os idosos. E esta foi a razão principal para a abertura das escolas”.
Contudo, foram várias as regras implementadas para que as escolas pudessem reabrir. Tânia explica-nos que medidas foram tomadas na Suíça:
– As turmas foram divididas em duas, escolhidas por ordem alfabética relativamente ao apelido. Um grupo inicia a escola hoje e regressa quarta e sexta-feira. O outro grupo começa a escola amanhã e regressa quinta feira. Na próxima semana invertem os dias. Desta forma, os alunos têm o mesmo número de dias de aulas e os irmãos que frequentam anos e turmas diferentes, frequentam a escola nos mesmos dias, porque têm o mesmo apelido. Esta regra funcionará até Junho, altura em que, se tudo correr bem, as turmas voltam a funcionar por inteiro e todos os dias;
– Os pais que levam e que vão buscar os filhos à escola não podem entrar na escola. Foi aplicado o princípio do kiss and fly;
– Antes de entrar na sala de aula, as crianças vão lavar as mãos, e fazem o mesmo quando saem do recreio e quando saem definitivamente da escola;
– O recreio é realizado em horários diferentes para cada turma, de forma a reunir o menor número de crianças naquele espaço;
– Os alunos foram alertados que não podem partilhar comida nem material escolar;
– Na sala de aula, está sentado um aluno por mesa com uma distância de dois metros do aluno mais próximo;
– As portas, maçanetas, cadeiras, mesas, entre outro equipamento escolar, passam a ser desinfetados três vezes por dia;
– Deve ser mantida a distância social entre alunos e professores;
– As crianças não são obrigadas a usar máscara, uma vez que na Suíça, o uso de máscara não é obrigatório para ninguém. O uso de máscara é apenas obrigatório no transporte escolar para crianças a partir dos 10 anos de idade.
Umas das regras de higiene básica que existe desde sempre na Suíça e que naturalmente se vai manter, é que o uso de calçado de rua nas salas de aulas é proibido. Os alunos, desde sempre, estão habituados a levar para a escola umas pantufas ou chinelos no primeiro dia de aulas e que por lá ficam até ao final do ano letivo.
E o que acham os pais, disto tudo? “Após dois meses de confinamento, sem escola, nós e a maioria dos pais que conhecemos sentimo-nos seguros e confiantes com esta decisão. O ano letivo por aqui dura até ao dia 3 de Julho, pelo que entendemos que os miúdos podem ainda aproveitar quase dois meses de escola. Obrigá-los a ficar em casa até ao final de Agosto é que nos parecia demasiado. Obviamente que existe o tal friozinho na barriga, não queremos que aconteça nada aos nossos filhos, mas também entendemos que é impossível ficarmos todos em casa à espera de uma vacina. Temos esperança que, se formos conscientes na nossa atuação, se conseguirmos passar a mensagem correta aos nossos filhos no que às regras de higiene e de socialização diz respeito, o mundo pode começar a girar de novo”.
Tânia é da opinião que viver com medo não é viver “e transmito isso aos meus filhos. Podemos viver bem se formos cuidadosos. Tenho também consciência que este meu pensamento se deve muito ao facto de viver na Suíça. Os suíços são muito racionais, pouco emocionais, não misturam coração com razão, não fazem dramas nem alarmismos. Ora, este comportamento, em épocas de crise como a que vivemos, torna-se muito eficaz e transmite segurança à população”.
Por isso, acrescenta Tânia, “hoje fui, excepcionalmente, acompanhar os meus filhos à escola (normalmente vão sozinhos), transmiti-lhes confiança e vi-os entrar na escola com um sorriso no rosto. Logo, tenho a certeza, que voltarão para casa ainda mais felizes do que saíram!”
Na Suíça, a terceira fase de desconfinamento está prevista começar a 8 de junho e visa a reabertura das restantes escolas e instalações de lazer adicionais.