Não tinha intenções de falar de Valentina. Primeiro, porque não tenho nada a acrescentar para além do que já foi dito. A indignação e revolta de todo o país são também minhas. Depois, porque ainda não descobri adjetivos possíveis para abordar a alegada monstruosidade do alegado crime.
Mas hoje é Dia da Família. E o nome Valentina não me sai da cabeça. Onde é que falhámos, enquanto comunidade, sociedade, famílias? Porque falhámos. Falhámos todos, em todas as partes do processo – na sinalização, no silêncio, na distração, na crueldade.
Estamos a falhar. E continuamos a falhar quando um homem de 82 anos é o cuidador, único e solitário, de um filho de 54 anos com esquizofrenia e de uma mulher de 84 com Alzheimer (A Hora da Júlia, ontem, ontem, 14 maio).
Não tinha intenções de falar de Valentina nem de Arlindo. Mas hoje é Dia da Família.