O texto é da Rita Lee, uma mulher que escreve de forma particularmente brilhante. Desde que deixou os palcos, há oito anos, vive confinada na sua toca, “uma casinha no meio do mato cercada de bichos e plantas” (…). O texto foi publicado, há dias, na revista Veja e fala de pandemia e da perceção da cantora, de sempre ter pertencido ao “grupo de risco” .
Para quem não teve oportunidade de o ler ou a sorte de se ter cruzado com a crónica, como eu, partilho um excerto. O link para a revista VEJA.
‘A humanidade, sim, tem sido o grande vírus’
Fazer parte do grupo de risco por eu ter 73 anos pode ser uma chatice, mas não para mim. Não vou morrer desse vírus voodoo e peço ao Universo que minha morte seja rápida e indolor, de preferência dormindo e sonhando que estou com minha família numa praia do Caribe.
É sequência natural que velhos morram antes de jovens e crianças, mas não precisava ser nesta situação apocalíptica de fim do mundo, apavorando vovôs e vovós.
(…)
Pensando bem, eu sempre fui considerada grupo de risco. Desde que entrei para o mundo da música, fui a artista mais censurada na época da ditadura no país, por ser tida como uma mulher perigosa para para os bons costumes da família brasileira. Fui grupo de risco no colégio, quando me arrisquei tascando fogo no cenário do teatro por ter sido rejeitada para fazer o papel de Julieta.
Sou grupo de risco desde que luto contra os donos do poder, declarando meu repúdio aos maus-tratos de animais em rodeios, circos, aviários, matadouros, zoológicos (…).
Sou parte de um grupo de risco saudável e esperançoso, por acreditar que esta pandemia faz parte de um propósito Divino para conscientizar a raça humana a respeitar nossa Nave Mãe Terra de toda a destruição que vem sofrendo, em todas as suas formas de vida.
Desejo a todos saúde física, mental, psicológica e espiritual.
P.S.: aproveite a quarentena e adote um bichinho. O melhor amigo.
(Leia mais em: https://veja.abril.com.br/entretenimento/rita-lee-a-humanidade-sim-tem-sido-o-grande-virus/)