“É provável que a nossa descoberta possa ter implicações na formação e regeneração de vários tecidos e em doenças como o cancro”

Quem o diz é Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian para a Ciência (IGC). Uma equipa liderada pela bioquímica descobriu um mecanismo celular que poderá ser uma das origens da infertilidade feminina e a investigação foi publicada recentemente na edição online da revista ‘Science’.

O estudo centra-se na divisão celular no processo da fecundação. A observação das células permitiu constatar que no processo normal as estruturas que permitem a divisão celular (os centríolos) têm que perder o revestimento que as protege e desaparecerem para que os espermatozoides fecundem o ovo. Toda a divisão celular do embrião se deve aos centríolos do pai. As mulheres cujo processo de maturação do ovócito para óvulo não elimina todos os centríolos são inférteis.

“Desde 1930 os cientistas perguntavam como é que uma estrutura tão estável com o centríolo desaparecia nos ovócitos de todos os animais e quais as consequências se não desaparecesse”, explica Mónica Bettencourt Dias ao ‘Expresso’ sobre a descoberta, que vai muito além dos problemas da infertilidade. “É provável que este mecanismo de ligar e desligar os centríolos possa afetar muitas das funções destas estruturas, incluindo a formação e regeneração de vários tecidos, e que possa estar alterado em doenças como o cancro”.

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