Não será fácil ultrapassar a crise económica provocada pela pandemia da covid-19. Cada um de nós conhecerá alguém ou amigo de alguém que tem o emprego ou o seu estabelecimento em risco. Cada um de nós tem a oportunidade (eu diria, um dever) de comprar nacional. A capacidade produtiva nacional está magoada. E, sem grandes teorias de dinamização económica, eu faço o que está ao meu alcance, na minha rua, pelos meus vizinhos.
Dois rituais.
Mais do que nunca, as alfaces, os morangos, as cerejas e todo o saco das compras vem da mercearia do senhor Alberto, um homem que já morreu, mas que continua a dar nome à loja, hoje ainda administrada pela família. É verdade que, com as atuais regras de prevenção, o número de pessoas permitido no interior do espaço é reduzido. O que implica uma fila pela calçada fora. Mas garanto-vos que os morangos (só para dar um exemplo) do senhor Alberto compensam a espera. Sabem a produção de pequena escala. Sabem a fruta cuidada.
Sem dúvida: mais um bom ritual (passo a merecida publicidade). Sem dúvida é um restaurante familiar perto de casa, ao qual temos recorrido, para take-away. Durante os tempos de isolamento, o restaurante encerrou portas mas permaneceu com o serviço de comida para fora. Tem peixe da lota, ovos frescos e muita simpatia. O hábito de pedir filetes de peixe galo com açorda de tomate mantém-se até hoje. A pandemia introduziu novos hábitos. Honestamente, gostava que o “comprar nacional” fosse um deles.
Foto: Restaurante Sem dúvida