Fui ao cinema. Confesso que fui arrastada pelo meu marido: a vontade de frequentar sítios públicos neste contexto não é a mesma. Mas fui, de máscara colocada – sabendo, claro está, que o procedimento não é o mais confortável mas é fundamental e por isso o cumpro à regra. A verdade é que o filme, Ordem Moral, valeu todos os esforços: antes de mais, um bem haja ao esforço titânico do Mário Barroso em reproduzir e adaptar a história de Maria Adelaide.
Neste filme, mais uma vez, o Mário prova que é um dos melhores diretores de fotografia portugueses.
A Maria de Medeiros está fantástica. Assim como a Júlia Palha. Todo o elenco está de facto muito bem.
É um filme imperdível sobre a verdadeira história de amor de Maria Adelaide, a filha do fundador do Diário de Notícias que se apaixonou pelo seu motorista. O romance aconteceu no início do século XX e está agora no grande ecrã. É acima de tudo uma história de um grande amor. Uma mulher de 48 anos, rica herdeira, que troca os luxos mundanos para ir viver numa aldeia, com Manuel Claro, de 26 anos. Ele esteve preso. Ela perdeu a fortuna e, graças ao marido, foi internada por “loucura”.
Segundo consta no livro Maria Adelaide Coelho da Cunha: Doida não e não!, de Manuela Gonzaga, o marido terá tido a ajuda de Egas Moniz e Júlio de Matos para conseguir a indicação de internamento. Como se costuma dizer, não se pode ter tudo. Mas há quem escolha só o Amor. São os loucos!?
Enfim, a história é deliciosa. E o Mário Barroso soube dela aos 11 anos, quando o tio, que trabalhou no Diário de Notícias, lhe contou sobre a antiga proprietária do jornal que tinha fugido com o chauffeur. Há uns anos, voltou a lembrar-se dela. E o resultado está no cinema. Em bom.