Como já tive oportunidade de partilhar, tenho o hábito de ler mais do que um livro em simultâneo. Não é uma destreza mental. É só mesmo um ritual que mantenho desde que me conheço enquanto ávida leitora.
Neste momento os três eleitos da mesa de cabeceira são:
O autor espanhol, Javier Cercas, acumula prémios de literatura. No entanto, após publicar o livro que sempre desejou escrever – O Rei das Sombras (acerca de um herói da família que morreu em combate, na batalha do Ebro, em Espanha) -, Javier passou pela difícil fase da folha em branco. Nenhum projeto lhe parecia entusiasmante o suficiente. Mas três anos depois, vencia um prémio com Terra Alta.
Em 2017, quando ocorreram os ataques de terroristas islâmicos na Catalunha, onde vive o autor, houve um agente da polícia que matou quatro terroristas em poucos minutos. A sua identidade permanece um mistério. Mas neste livro, é ele o protagonista. Javier deu-lhe vida. O romance é o início de uma tetralogia anunciada. Aguardo.
Como vivem as pessoas em tempos de epidemia? Este livro percorre 2500 anos de história, ciência, mas também arte, para retratar as grandes agitações da sociedade, marcadas pela cronologia das principais epidemias. Olhamos para trás, e vemos as consequências sociais, económicas, políticas das grandes doenças, e mais recentemente o Ébola, a SIDA e a COVID-19. Em setembro, em entrevista à SIC Notícias, o politólogo e escritor Jaime Nogueira Pinto dizia que “historicamente, não há nenhuma grande pandemia em que não haja divisão”.
“É mais difícil ser lúcido e espanhol ou ser lúcido e português?”, perguntou-lhe a jornalista João Céu e Silva, do Diário de Notícias. E recordo/reproduzo a resposta: “Eu sou da linha iberista, nisso estou com José Saramago, e sempre disse que é uma anomalia que Portugal e Espanha não sejam um mesmo Estado ou que não formem um mesmo território político. (…) Se Filipe II, durante os anos em que foi rei de Portugal, tivesse mudado a capital do mundo ibérico para Lisboa, teríamos feito todos, portugueses e espanhóis, uma Ibéria atlântica e não uma Espanha estupidamente sangrada na Europa”.
É sobre a História de Espanha que o “iberista” Arturo nos fala, esperando o jornalista e escritor que a sua obra seja “útil” para devolver às novas gerações o interesse pela História.