No próprio dia em que o Governo anunciou o encerramento de todas as escolas e pausa letiva durante 15 dias (dia 21 Janeiro), o casal Susana e Mário publicou este post na página de facebook do restaurante que gerem atualmente em Vila Franca de Xira, Como em Casa.
Susana recorda que acompanhou o discurso do Primeiro-Ministro pela televisão e que o seu primeiro pensamento, perante as novas medidas, foi: “vai haver gente a passar mal”. Reconhece o confinamento como medida de proteção neste atual contexto e não hesitou em fechar o restaurante, que apenas está disponível para takeaway. “Mas tenho sentido muito o impacto social desta pandemia. Tenho clientes que perderam o emprego, tenho vários clientes, outrora regulares, que me dizem – ‘nunca pensei passar por isto’.”
Susana sabe o que é juntar trocos para comer, num tempo “em que se vivia mal, mas ainda assim havia trabalho. Agora nem há emprego. E eu tenho dois filhos (uma filha e um filho) , penso em quem tem filhos e está sem possibilidades económicas”.
A pensar em quem precisa, e sobretudo na “fome escondida” de muitas famílias, Susana e o marido tomaram a decisão de lançar a operação sopa: todos os dias há uma panela de sopa para quem precisa. “E para evitar situações confrangedoras, basta a pessoa telefonar antes. A sopa ser-lhe-á entregue como que se de um takeaway normal se tratasse”. Susana conta-nos que a cada dia serve mais sopas: cerca de 40 por dia. Mas a generosidade da vizinhança também tem aumentado: “o Sr. João Serrador, do Talho do Carrasqueira, no mercado de Vila Franca, faz questão de contribuir com carne para a sopa. Uma vez que servimos crianças e idosos, queremos que as sopas sejam realmente nutritivas. No outro dia, foram as empregadas do minipreço que se juntaram e vieram trazer legumes. Foram elas que contribuíram para a sopa do dia seguinte”.
Solidariedade em tempos de pandemia. Bem-haja Operação Sopa
Cartaz Operação Sopa. Na sequência dos contactos recebidos por outros restaurantes, sobre como aderir à iniciativa, Susana lembrou-se de fazer um cartaz. Para que outros possam seguir o exemplo, e travarem juntos a “fome escondida”.
