Família em teletrabalho e ensino à distância

Arranca hoje o ensino à distância

Retrato de uma família numerosa que, mais do que aproveitamento escolar, espera manter o bem-estar mental dos 5 filhos em confinamento.

Está tudo organizado para o primeiro dia de ensino à distância. O Afonso, 14 anos, vai ficar no seu quarto e tentar não se perder na quantidade de links distintos aos quais terá que aceder para “entrar” nas respetivas disciplinas. O Pedro, 13 anos, também fica no quarto, e vai seguir as aulas à distância, por um telemóvel. Falta a Inês, 11 anos, a Rita, 7 anos, e a Maria, 6 anos. Por necessitarem de apoio na plataforma zoom, vão ficar na sala, ao lado da mãe Cláudia, que por sua vez também está ao computador, em teletrabalho, na área da banca. Tal como o pai, que dada a quantidade de conferências, transformou provisoriamente o sótão em escritório. Será que vai haver internet para todos? Está tudo organizado para “o pequeno caos” que se avizinha no primeiro dia de ensino à distância para famílias numerosas.

“Pequeno caos” nem sempre é um eufemismo. Isto porque Cláudia decidiu que não seria uma mãe stressada. “Vai ser complicado, até porque vou estar em teletrabalho. E depois há sempre as intermináveis tarefas domésticas, a preparação das refeições. Acontece que o meu computador vai estar sempre ligado. O que não conseguir terminar durante o dia, terei que fazê-lo pela noite dentro, quando os miúdos estiverem na cama”, conta.

No ano passado, a filha mais nova estava na pré-escola e escapou-se ao zoom. Este ano, já no primeiro ciclo, fez aumentar as necessidades de equipamentos lá em casa: “nos aniversários, temos pedido aos avós que se juntem e comprem tablets. E é assim que as meninas vão acompanhar as aulas neste confinamento”, conta.

Os filhos de Cláudia têm horários distintos e nem todos frequentam as mesmas escolas. Após cinco reuniões de pais, Cláudia também já está a par do apoio que será necessário prestar. “As meninas vão ter uma carga horária bastante mais leve do que a dos rapazes, mas vão ter trabalhos de casa. A Maria, por exemplo, ainda não consegue ler os enunciados e é impossível ter autonomia…”.

Vai ser complicado e, apesar de concordar com esta medida “necessária no combate à pandemia”, verificou que, ao contrário dos mais novos, a aprendizagem dos filhos mais velhos saiu comprometida. Ainda assim, é a serenidade e a saúde da família o seu foco. É nessa meta que deposita os seus esforços. Com a tranquilidade possível no dia-a-dia.
Um dia de cada vez.

Foto: Banco de Imagem Unsplash

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