Simone Biles

“E ainda assim eu me levanto”, Simone Biles

Um dia li um tweet sobre a atleta Simone que me arrepiou: “A Simone tem mais músculo numa perna do que eu no corpo inteiro”. Músculo, leia-se garra. Leia-se coragem. 

Há cerca de um mês, depois de ganhar um campeonato nos Estados Unidos, a ginasta Simone Biles fez uma tatuagem no corpo com as seguintes palavras (inspiradas num poema da escritora e ativista norte-americana Maya Angelou): and still I rise (E ainda assim eu me levanto). 

Simone não perde um título desde 2013. É fantástica. Brilhante. Uma voz poderosa no desporto, dentro e fora de competição. Em 2018, o seu tweet deu força às denúncias de abuso sexual contra aquele que à data era médico da seleção feminina de ginástica dos Estados Unidos. Simone veio revelar que era “uma das muitas sobreviventes abusadas sexualmente por Larry Nassar”, e não poupou críticas à Federação pelo sucedido, o que resultou em demissões por parte de responsáveis da organização.

Desde então tem estado ao lado de movimentos e causas como #MeToo, contra o assédio sexual, e o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

Simone é adotada. A mãe, toxicodependente, entregou os seus quatro filhos aos cuidados de um orfanato. Simone recorda (segundo o New York Times) os tempos na infância em que, por falta de dinheiro, comia cereais com água enquanto assistia aos gatos que bebiam leite. Conta-se que, no mesmo ano em que foi adotada, com seis anos, uma treinadora terá reparado no dom corporal de Simone.

As colegas dizem que Simone é capaz de movimentos que mais ninguém consegue alcançar. Simone, a ginasta mais premiada dos Estados Unidos, chegou a Tóquio com a sombra do Rio de Janeiro 2016: tinha 19 anos, e arrecadou
quatro medalhas de ouro (salto, solo, individual geral e disputa por equipes) e uma de bronze (trave olímpica).

Em Tóquio, optou por desistir. Porque: “Não somos apenas atletas. Somos pessoas, afinal de contas, e às vezes é preciso dar um passo atrás”. Simone desiste para cuidar da sua saúde mental. Mais uma decisão corajosa e madura.

Às vezes, é preciso desistir para vencer.

E ainda assim a Simone se levantará. Força Simone.

 

 

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