A norma da DGS é clara:
“As crianças com idades entre os 12 e os 15 anos que tenham cancro ativo, diabetes, obesidade, insuficiência renal crónica estão entre as que devem ser vacinadas prioritariamente contra a Covid-19”.
A norma, entretanto atualizada há dias, a 3 de agosto, determina também como doenças prioritárias para vacinação, a transplantação e a imunossupressão.
Segundo a DGS, estão ainda incluídas doenças neurológicas, que englobam a paralisia cerebral e distrofias musculares, as perturbações do desenvolvimento, como a Trissomia 21 e perturbações do desenvolvimento intelectual grave e profundo. A doença pulmonar crónica, doença respiratória crónica, como asma grave, e fibrose quística também estão entre as prioritárias.
O assunto não tem sido, porém, consensual, nem na comunidade médica, nem para os pais.
A DGS tomou a posição e recomenda a vacinação prioritária contra a covid-19 para crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades associadas, mas até aqui os especialistas têm estado divididos perante a relação risco-benefício da vacina nesta faixa etária, sem nunca, porém, terem colocado a segurança e a eficácia destas vacinas em causa.
Em Julho, em declarações à Lusa, o presidente do Colégio da Especialidade de Pediatria, da Ordem dos Médicos, Jorge Amil Dias, considerava que, atualmente, “não é uma emergência vacinar as crianças”, porque “a população que está em maior risco é a população adulta”. O médico aconselhava “cautela”. Numa entrevista à TSF, explicava: “Se não estão em risco imediato (crianças) (…) então talvez [devamos] ter alguma parcimónia e alguma prudência e aguardar [antes de arrancar com a vacinação desta faixa etária]”.
Já a geneticista médica e pediatra Heloísa Santos sempre defendeu que “a vacinação das crianças contra a covid-19 é indispensável”.
A vacinação de crianças também não é consensual nos vários países.
França começou a vacinar os maiores de 12 anos no dia 15 de Junho e atualmente mais de 2 milhões de crianças, cerca de 40% da faixa etária dos 12-17 anos, receberam até agora uma primeira vacina.
Em Espanha, as decisões variam com as regiões: em algumas, a vacinação dos jovens de 12 a 19 anos já vai em mais de 40% (primeira dose). Outras, a percentagem está nos 1%.
A Itália prevê vacinar a maioria dos adolescentes até ao início do novo ano letivo, em Setembro.
A vacina Pfizer foi autorizada para crianças dos 12 aos 15 anos no final de Maio, e na semana passada, foi também aprovada a vacina Moderna (para crianças dos 12 aos 17 anos).
Nos EUA, cerca de 40% das crianças entre os 12 e os 17 anos de idade já têm, pelo menos, uma dose de vacina.
Na Hungria, o primeiro país europeu a vacinar crianças menores que 16, é obrigatório a autorização dos pais.