Campanha Acreditar

“O luto de uma vida não cabe em cinco dias”, Petição Acreditar

Em Portugal, quem perde um filho tem cinco dias de luto. E por isso é lançada hoje esta petição pela Acreditar, que quer alargar a licença.

“Há 20 anos tive cinco dias para regressar ao trabalho após a morte da minha filha de 7 anos. Serviram para pouco, para quase nada”, recorda João de Bragança, Presidente da Acreditar e primeiro signatário da petição “O luto de uma vida não cabe em 5 dias”, que propõe alterar o Regime Legal do Luto Parental.

A petição lançada hoje pela Acreditar apresenta a proposta de alargar de 5 para 20 dias o período de faltas justificadas que a lei prevê até que os pais regressem ao trabalho após a perda de um filho. E até ao momento (16h00 dia 1 setembro), conta já com mais de três mil assinaturas (para a petição ser discutida em plenário são necessárias 7.500 assinaturas).

João Bragança conheceu a Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro há 20 anos, quando a filha, de 7 anos, foi diagnosticada com um tumor cerebral muito agressivo e difícil de curar. Tornou-se entretanto voluntário, tendo sido convidado para presidente da Acreditar. Como outros pais na mesma situação, sabe que esta “nenhum luto é igual a outro luto, porque cada um de nós é diferente do outro: há a fé, o sentido que damos às coisas, a rede social ou familiar, as circunstâncias do drama. Mas do que estou certo é que cinco dias – o tempo que o Estado nos dá para regressarmos ao trabalho após a morte de um filho – será manifestamente pouco. Em cinco dias faz-se o imediato, o urgente, tantas vezes o burocraticamente inadiável. Damos uma camada de tinta à alma e ao corpo, não lhe damos novas fundações. Não nos preparamos para o futuro, por absoluta falta de tempo”. 

“Como pai que representa os Pais em nome dos quais esta petição é lançada”, escreve João Bragança na petição, “penso que é fundamental que se altere a legislação existente; o luto pela morte de um filho, cujos contornos estão referidos no texto da petição, não pode tornar-se num exercício repentista excessivamente condicionado pelo prazo”. 

A morte de um filho será das experiências mais traumáticas, intensas, desesperantes, e que pode durar uma vida. Esta petição faz sentido. “Uma sociedade mais solidária e justa tem de dar tempo aos seus. 5 dias é pouco”, conforme a petição. Exatamente.
Assine aqui a petição.

Esta iniciativa é lançada no mês internacional da sensibilização para o cancro pediátrico, Setembro.

 

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