Lucilina e Vítor: o casal que parodiou o anúncio da Ferrero Rocher

O “Ambrósio” faz hoje 79 anos. Que máximo este casal!

Ninguém resiste a um Ferrero Rocher, marca que todos os anos tem a gentileza de enviar à equipa Júlia uma torre de bombons de chocolate. Mas depois deste vídeo, a vontade é mesmo provar uma sandes de cozido na praça de Torres de Vedras.

Graças ao casal Lucilina, 75 anos, e Vítor Sobreiro, que celebra hoje 79 anos, a sandes de cozido (um menu típico das noites de Carnaval de Torres Vedras) passou a ser agora um “prato do dia”. “Os proprietários da Casa contactaram-nos a agradecer. Disseram-nos que até vem gente de fora do concelho para provar a sandes de cozido”, conta-me Lucilina, no intervalo de uma aula de dança.

A aproximarem-se da casa dos 8o, este casal afasta-se do estereótipo dos idosos em idade de reforma. E o vídeo que fizeram a promover a sua cidade, parodiando o anúncio da Ferrero Rocher, é a prova disso.

A ideia de criarem vídeos surgiu durante o período de confinamento. Lucilina e Vítor Sobreiro encerraram a Escola de Dança de Torres Vedras, da qual são fundadores/proprietários, e foram para casa: “E agora fazemos o quê, perguntámo-nos. Como não gostamos de estar parados, lembrámo-nos de fazer uma quarentena de vídeos. Quarenta vídeos durante quarenta dias, para entreter os nossos amigos e seguidores nas redes sociais. Uma vez até acordámos durante a noite, preocupados a pensar no vídeo do dia seguinte. Porque as pessoas começaram a habituar-se e perguntavam quando é que ia ser publicado o próximo, qual era o tema… “, recorda Lucilina.

Este vídeo nasceu assim, por impulso. “Olhei para o meu casaco amarelo e lembrei-me do anúncio. Chamámos o meu neto cá a casa para filmar com o telemóvel e, dois minutos depois, estava feito”, conta.

O mais surpreendente aconteceu uma hora depois de Lucilina ter publicado o vídeo nas suas redes sociais: “A minha mulher chamou-me e eu pensei que era um engano. De onde é que aquela gente toda tinha aparecido, apenas em uma hora?”, questionou-se perante a quantidade de likes e comentários.

O vídeo tornou-se viral. Mas o mais encantador neste filme são as personagens da vida real. Lucilina é uma mulher imparável. E, diria, geneticamente feliz. Conta-nos que é provável que tenha herdado a alegria e a vivacidade das mulheres da família. A mãe tem 96 anos, ainda borda colchas e prepara as ceias de Natal como ninguém. Em tempos foi costureira do exército e tinha 20 empregadas por sua conta.

Já Lucilina casou muito cedo. Com um destino trágico. No preciso dia em que celebraria 1 ano de matrimónio, realizou-se o funeral (acidente automóvel) do primeiro marido e pai da sua filha, então com dois meses.
“Eram tempos muito diferentes. A mulher não frequentava cafés, pouco saía. Cheguei a ir à praia com a minha filha, mas toda vestida de preto”, recorda.

Lucilina podia conformar-se à pensão. Mas optou por procurar emprego e estudar. Completou a escolaridade que lhe permitiu candidatar-se à Faculdade e licenciou-se em Direito. Mas nunca exerceu. “Já trabalhava e ganhava bem, na área da publicidade”. Resultado da participação e vitória do casal no programa ‘A Visita da Cornélia’, um concurso da RTP de 1977, apresentado por Raul Solnado, no qual os concorrentes tinham provas de dança.

Lucilina e Vítor começaram a “conversar” por volta do 25 de Abril. E a inscrição no programa foi planeada em segredo pelos amigos do casal que, até então, apenas tinha dançado uma vez numa discoteca. Após vencerem o concurso, o cenário não era muito diferente. “Fomos contactados por um grupo de seis pessoas que nos pediram que os ensinássemos a dançar. Aceitámos o desafio. E assim nasceu a escola. Sem termos aprendido a dançar….”.

O casal acabou por frequentar formações de dança, nomeadamente de tango, na Argentina. E a Escola de Dança de Torres Vedras, que já chegou a ter 100 alunos (pré-confinamento), produz hoje autênticos espetáculos musicais para a comunidade. “Os espetáculos são escritos pelo meu neto que é conhecido aqui como o La Fúria pois desenvolve espetáculos que nem o La Féria”, brinca Lucilina.

A brincar, a brincar, já são 75 e 79 anos de vida. “Temos uma vida muito alegre. Os meus netos dizem-nos que somos ‘fora da caixa’. Simplesmente achamos que a idade não é um limite e por isso não paramos de pensar
em fazer coisas novas, diferentes, que nos deem prazer”. Bravo.

https://www.instagram.com/p/CXy_bEEIKSL/

 

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