Adolescência, Leonor Xavier

Adolescência, de Leonor Xavier

17 Janeiro 1956
“… O amor é o sentimento mais belo.
Estou disposta a amar sempre, mesmo que o meu amor não seja retribuído. Eu ainda sou uma rapariguinha, mas qualquer dia serei uma mulher, e então, como mulher, cumprirei todos os meus deveres. Na aula de moral, a professora falou-nos sobre a Campanha da Pureza e eu vou-me dedicar a essa campanha com todo o meu coração”.

7 Fevereiro 1957
“Tenho hoje ponto de História. Como é uma disciplina de que gosto, acho que posso fazê-lo bem.
Hoje pensei numa coisa: porque é que as pessoas grandes, mais velhas do que nós, não nos compreendem?….”

9 Dezembro, 1958
“A mãe tirou-me a chave do quarto, e fez queixa ao pai por causa de eu telefonar durante muito tempo. A mãe diz que me fez mal ir para um liceu de rapazes”.

Um dia, entre arrumações entre gavetas e estantes, a Leonor Xavier reencontrou o seu diário (entre 1956 e 1960). E começou a rever a sua adolescência. Notas e pensamentos que são também um retrato de época, “um desfile de preconceitos e costumes”. Com teimosias, inquietações, incertezas do mundo em transformação que é a adolescência.

Um dia, num domingo, aos 78 anos, a escritora e jornalista Leonor Xavier deixou-nos. Já estava bastante debilitada com uma doença dura, severa, cruel. Deixou-nos a biografia “Raul Solnado, a vida não se perdeu”, a biografia de Maria Barroso, “Maria Barroso, um olhar sobre a vida”, entre outras obras e ensaios que bem justificam o grau de Oficial da Ordem do Mérito.

Estava a preparar este livro, a que deu o título “Adolescência”, mas que nunca chegou a ver. A obra foi agora publicada. É um tesouro de memórias. Foi bom voltar a ler e a “sentir” a talentosa Leonor nestas páginas.

 

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Adolescência, Leonor Xavier

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