Imagens exclusivas Guerra Ucrânia, Ângelo Brighton

“Cheguei à fronteira. Parei de ler notícias. O que eu estou aqui a ver chega para perceber….”, Ângelo Brighton

Ângelo Brighton foi “apanhado” pela guerra enquanto viajava pela Ucrânia. Está neste momento na fronteira. Alistou-se numa missão humanitária. Este “diário” e imagens exclusivas para o blogue júlia são dele. Os seus olhos são os nossos.

Em fevereiro, como presente de aniversário, decidi oferecer a mim próprio uma visita a Chernobyl, Ucrânia (o acidente de Chernobyl, que aconteceu em 26 de abril de 1986, foi o maior acidente nuclear da história). E, como desde há alguns anos, viajo o máximo que posso,  aproveitei para visitar a Ucrânia, de norte a sul. Na altura, ainda a dias de a guerra estalar, falei com vários pessoas que me diziam não acreditar numa possível guerra com a Rússia. Saí do país. Três dias depois, a guerra rebentou.

Por que é que voltei?
Nasci em Angola. Tivemos de fugir e sair do nosso país por causa da guerra. Conheci os campos de refugiados na África do Sul. Percebi que não podia ficar a ver, de fora, a situação das pessoas.

Por isso, decidi voltar.

Domingo, 6 março
Em Lublin. Os transportes estão difíceis e, para entrar na Ucrânia, é necessário um convite especial. É necessário irmos em missão humanitária ou querer integrar a legião estrangeira ucraniana.
Em Lublin, a estação de autocarros foi transformada em centro de acolhimento para refugiados.
A gestão está a cargo da cruz vermelha. Ali os refugiados encontram bens de primeira necessidade e ajuda.
Vejo muitas pessoas extremamente cansadas. A angústia é muito visível nos seus rostos.
Uma coisa que me impressionou. Domingo passado. Lublin é uma cidade linda e turística. O contraste entre as famílias que passeiam e o centro de acolhimento é marcante.

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Cartazes contra a Guerra e contra Putin, em Lublin, Polónia

Segunda-feira, 7 março
Ainda não consegui alcançar a fronteira com a Ucrânia. Está difícil no que diz respeito os transportes. Hoje conheci um canadiano de Québec e um alemão. O alemão é um jovem de 18 anos. Veio desde Berlin para ajudar como voluntário. O canadiano é médico, veio de propósito para ajudar. Amanhã vou com eles até à fronteira.

Terça-feira, 8 março
Chegámos à fronteira: Hrebenne.
Encontrei um grupo de portugueses de Abrantes. Vieram aqui entregar bens de primeira necessidade e buscar 20 ucranianos.
Estou a prestar ajuda a uma organização que se chama Polish Humanitary Action. 
A fronteira de Hrebenne é pequena. As pessoas chegam a conta gotas. Principalmente mulheres e crianças.
Estão aqui presentes várias associações humanitárias. A mais conhecida é a Cáritas. Mas há mais, como as Testemunhas de Jeová, etc.

As pessoas que chegam à fronteira são acompanhadas por policias polacos. Todos os polícias têm peluches para as crianças. Os ucranianos que chegam podem comer e beber bebidas quentes, café, chá e água.

Há quem necessita de ajuda médica. Existe um centro médico, com material de primeira urgência. O médico que me acompanha teve hoje duas urgências.

Quarta-feira, 9 março

Continuo na fronteira. Parei de ler informações sobre a Guerra. O que se vê aqui chega para compreender.
Há pessoas que vêm de toda a Polónia e da Alemanha para oferecer transporte.
"Cheguei à fronteira. Parei de ler notícias. O que eu estou aqui a ver chega para perceber....", Ângelo Brighton Fronteira_Guerra-300x225

Na Fronteira da Ucrânia. Tristeza e medo.

 

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