Em São Jorge, nos Açores, a atividade sísmica levou a que mais de 2500 pessoas abandonassem o concelho de Velas. Os habitantes deslocaram-se para concelhos vizinhos, como a Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas, ou para outras ilhas dos Açores, onde têm familiares e amigos. A opção tem sido, porém, voluntária. Apesar do número de sismos registados nos últimos dias, não existe uma orientação oficial para sair da ilha, como assegurou hoje o presidente da Câmara de Velas, Luís Silveira.
Desde o início desta atividade sísmica “acima do normal”, ou seja, desde o dia 19 de março, que foram registados mais de 10 mil sismos na ilha de São Jorge. De acordo com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), a ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
Ainda assim, a mensagem de hoje é de serenidade: “Se acontecer qualquer alteração das circunstâncias, estaremos cá, com a vigilância máxima que estamos a assegurar, e serão feitos os devidos alertas”, afirmou há pouco, em conferência de imprensa, José Manuel Bolieiro, Presidente do Governo Regional dos Açores.
No concelho de Velas, Braulio Rodrigues confirma a serenidade. Ou não fosse um homem nascido e criado na Ilha, habituado aos movimentos tectónicos desde a maternidade. “Nasci em 1964, e ainda na alcofa, fomos evacuados”, recorda. Na altura, associou-se o fenómeno a uma pequena erupção submarina que bastou para destruir cerca de 400 habitações na vila de Velas e aldeias vizinhas. Braulio ajustou-se ao contexto: “é preciso entender que vivemos em ilhas vulcânicas. Eu, pessoalmente, senti a terra tremer um pouco, apenas duas vezes, nos últimos dias. Temos que confiar nas autoridades e manter a serenidade e a normalidade. No Cantinho das Buganvílias, tudo decorre normalmente. Os hóspedes permanecem”, conta-nos o proprietário deste sítio especial.
A cerca de 5 km da cidade de Velas, este Cantinho inundado pela natureza e com vista privilegiada para as Ilhas do Pico e Faial, é ponto de paragem quase obrigatória nos Açores, para alemães, franceses, holandeses e também portugueses. Depois da pandemia, Braulio também já registou uma hesitação nas reservas para Abril. Mas a grande época começa em Maio e os quartos continuam reservados. Assim se mantenham.
Foto: Cantinho das Bugavílias, Ilha São Jorge, Açores
