“Música que gosto de ouvir ao acordar? O som dos beijos dos meus filhos”

É apresentado como “uma das maiores promessas” ou como “fenómeno”. Sendo que o seu Ensemble, que chegou ao top nacional de vendas e encheu salas de espetáculos, na verdade quase dispensa apresentações. Nascido no Porto em 1972, foi o primeiro português a dirigir uma orquestra no mítico Carnegie Hall nova-iorquino. É o maestro que não hesitou em saltar fronteiras e que levou orquestras a colaborarem com grupos pop como os Da Weasel e os Expensive Soul. É o Maestro Rui Massena.

“Uma das maiores promessas do panorama musical português”, lê-se na imprensa. É assim que se sente?

Nunca penso em mim visto de fora. A minha posição sobre a vida é a de expressar o que vem de dentro de mim, o que sinto. Por muito que às vezes seja tentador, não carrego qualquer estatuto que não seja o do momento em que estou a criar. Começamos sempre da folha em branco e, a cada momento, tentamos encontrar e sublimar a expressão das emoções que mais nos libertam. É um processo difícil mas belo. É necessária muita força e sabedoria para chegar a nós próprios. É preciso trabalhar muito e com muita disciplina. Quando olho para trás, percebo que já fiz um percurso de que me orgulho, mas, se não me sentir feliz, não me serve. A nossa vida tem que ser construída a olhar para a frente.

Ensemble – n.º 1 no top de vendas nacional. Fale-nos deste trabalho. Das inspirações, do prazer e dos (eventuais) receios que estão por detrás deste sucesso.

É um grande orgulho saber que a minha música é aceite e apreciada pelas pessoas. O top de vendas significa que mais pessoas apreciam o que fazemos, mas não diminui nem aumenta o meu grau de satisfação pelo trabalho em si. Evidentemente, é extraordinário perceber que existe um público para a música que faço, e esse é em si um grande alento. Legitima o caminho mais depressa e dá-me segurança.

Música, maestro − que música gosta de ouvir ao acordar? Tem músicas associadas a determinados momentos especiais da sua vida? Um exemplo.

Ao acordar? Depende, mas o som dos beijos dos meus filhos é o melhor. Na música, um despertador que não chateie muito… A música é um pouco como os perfumes, porque tem a capacidade de ficar associada a momentos. Sempre que ouço a canção She, cantada pelo Elvis Costello, o Fly me to the moon ou a Sinfonia Incompleta, de Schubert, só para citar alguns.

É natural do Porto. O que mais aprecia no Porto? E em Guimarães, cidade que ajudou a transformar Capital Europeia da Cultura 2012?

O Porto é uma cidade que se tem transformado muito na forma como os seus habitantes vivem as suas vidas e a cidade. Hoje acho que proporciona mais lazer, menor introversão e, por isso, mais rua, mais comércio e diversão. As artes são um modo de vida importante da cidade, mas, claro, ainda há muito para fazer. Em Guimarães, gosto do conceito de cidade que se constrói do centro para fora. O centro é o ponto de encontro e, a partir dele, a cidade constrói relações em círculos cada vez maiores. Uma identidade forte e uma alma lutadora são características de uma população que tem sabido criar novas estórias em cima da grande história da nossa nação.

 

Comentários

comentários