Maria Antónia Palla: Um rosto da liberdade

Ensinou-me a escrever.

Foi das primeiras mulheres a entrar na redação dos jornais. Inconformista, empenhada na luta pela liberdade, transgressora.

Tenho por ela um enorme carinho. E admiração. E confesso: julgava que sabia praticamente tudo sobre ela. Nesta conversa, alguns episódios surpreendentes e… a pergunta obrigatória: como é ser mãe do primeiro-ministro?

 Mais sobre Maria Antónia Palla

Nasceu no Seixal, em 1933, frequentou o Liceu Francês, em Lisboa, e licenciou-se, pela Faculdade de Letras, em Ciências Histórico-Filosóficas. Iniciou a sua carreira no Diário Popular, numa altura em que as mulheres nas redações estavam confinadas a pouco mais do que às rubricas de culinária. “Recordo-me de o Francisco Pinto Balsemão me perguntar: ‘Este é o dia mais feliz da sua vida?’ Ao que respondi: ‘É’”, recorda Maria Antónia, sobre o convite para integrar a equipa do jornal. Seguiram-se O Século Ilustrado, Vida Mundial, a ANOP e A Capital. Foi cronista do Diário de Notícias, grande repórter da RTP e chefe de redação da revista Máxima.

Foi presidente da Liga dos Direitos das Mulheres e dirigente do Fórum Português para a Paz e Democracia em Angola. Foi também presidente da Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas.

É uma das fundadoras da Biblioteca Feminista Ana de Castro Osório, núcleo especializado da Biblioteca Municipal de Belém.

Autora de vários livros, entre os quais Revolução, Meu Amor (de 1969). Apreendido pela PIDE, Revolução, Meu Amor aborda os acontecimentos do Maio de 1968. Escreveu também Só acontece aos outros – Crónicas de Violência (1979) e A Condição Feminina (1989). Já Viver pela Liberdade (2014), em coautoria com a jornalista Patrícia Reis, é um livro das suas memórias.

Entre elas, as ‘transgressões’ que fazem parte da sua história de vida e do caminho que tem feito pela liberdade. Maria Antónia foi uma das pioneiras na luta pela despenalização do aborto em Portugal, com uma reportagem na televisão em 1976, um trabalho que desencadeou um grande movimento de solidariedade, dando origem a plataformas de mulheres e associações que defenderam a alteração da lei que penalizava as mulheres que abortavam.

A ser verdade que por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher, neste caso, um dos rostos femininos chama-se Maria Antónia Palla, 83 anos, emblemática, mãe do primeiro-ministro.

Nesta entrevista, acompanhe os principais temas de conversa:

− A infância

− “O dia mais feliz da minha vida”

− As transgressões

− A luta pela liberdade: aborto

− Miss Portugal: as partidas nos bastidores

− A educação que deu a António Costa
− Como gerir a crítica, a liberdade e o facto de ser mãe do atual primeiro-ministro

Agradecimentos: Hotel Vintage, Lisboa

 

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