Mitomania: s.f. Tendência patológica, fora do comum, para mentir

Mitomania: A história de um mentiroso compulsivo

“Mitomania: s.f. Tendência patológica, fora do comum, para mentir”

Ela nunca mais vai confiar em ninguém”

Carolina conta-nos a história da sua melhor amiga, uma mulher que “foi traída durante dez anos”. É assim que ela se sente na verdade, conta. O namoro entre ambos (vamos chamá-los Ana e António) começou na faculdade − andavam em cursos distintos − e evoluiu naturalmente, mesmo quando António foi convidado a frequentar a casa de família daquela que em breve seria a sua noiva. Um casal perfeito.

Ana só estranhou a surpresa dos sogros, que pareciam admirados com o relacionamento aparentemente sólido do filho.

Com o tempo, surgiram outros ‘pormenores’, recorda Carolina. Ana revelava o gosto em conhecer os colegas de trabalho do seu marido, mas quem acabava sempre por dar a cara eram os ‘amigos do futebol’ ou ‘amigos de amigos’. António escusava-se com a volatilidade dos seus empregos e postos de trabalho.

Até que um dia surgiu a grande oportunidade: um emprego muito bem remunerado no estrangeiro.

Era irrecusável, concluíram juntos. Motivada por António, Ana rescindiu o seu contrato laboral em Portugal e aguardou que o marido tratasse dos documentos para a partida. “Foi aí que tudo começou a ficar bastante confuso. Faltavam os vistos de trabalho, a empresa no estrangeiro nunca mais agilizava a documentação…” Cansada, Ana pôs-se a caminho da empresa do marido e fez-se anunciar na receção.

Mas o escritório dele não constava da lista, nem tão-pouco o nome.

As rececionistas nunca tinham ouvir falar de tal nome. Ana fez a chamada, confrontando-o. “Ela dizia-lhe que estava na empresa mas que ninguém o conhecia. Do outro lado do telefone, ele dizia que estava lá, no escritório, e que tudo aquilo era um disparate. Ela que esperasse, pois ele estava em reunião, atulhado em trabalho, e por isso impossibilitado de sair para cumprimentá-la.”

Carolina conta-nos que foi o princípio do fim.

Ana voltou a confrontá-lo pessoalmente. António voltou a argumentar. “Dizia que estava a ser alvo de uma perseguição e, embora se enrolasse no discurso e nas contradições, nunca admitiu as suas mentiras. O relacionamento durou dez anos e as mentiras também. A minha amiga está um caco. E hoje, passados dois anos, continua sozinha.”

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