Cócegas - Para que servem?

“Não me faças cócegas!”

Algumas pessoas adoram. Mas há muita gente que detesta. De qualquer forma, resulta quase sempre em gargalhadas. As cócegas acompanham os seres humanos e outros animais.

Mas qual é a função delas? Como funcionam? A Dra. Alexandra Osório explica.

Antes de percebermos qual a função das cócegas importa perceber onde começam: na pele. É habitual dizermos que a pele é responsável apenas pelo sentido do tato. Na verdade existe um sistema com vários tipos de nervos e receptores para que possamos sentir separadamente calor, pressão, dor, elementos químicos e até mesmo a posição. Os sistemas activados para sentir cócegas são os receptores da pressão, mas também os receptores da dor.

E isso acontece em dois tipos de cócegas.

Existem realmente dois tipos. O primeiro é a cnismese, que é aquela causada por uma leve pressão – como aquela que sentimos quando alguém passa uma pluma no nosso pé. O segundo tipo é a gargalese, que é quando alguém faz um movimento repetitivo ou mais pesado numa área sensível.

Este primeiro tipo – cnismese – é fácil de entender. Serve para nos avisar que existe alguma coisa a movimentar-se sobre o nosso corpo, como um mosquito ou uma aranha. Muito outros animais também têm este tipo de cócegas pois se trata de um aviso.

O mistério reside no outro tipo – a gargalese.

Existem explicações diferentes para a gargalese.

Algumas teorias afirmam que tudo vem dos relacionamentos sociais. Os pais, por exemplo, fazem cócegas aos filhos, gesto que serve para demonstrar que não estão a tocar para magoar mas sim para fazer rir. Isso serve para aumentar a confiança entre os dois. Mas se for um desconhecido a fazer a mesma coisa numa criança, a reacção já não vai ser a mesma – vai ser de desconforto e afastamento.

Outro facto que reforça esta tese é que algumas pessoas já se começam a rir só com a ameaça das cócegas, mesmo antes de serem tocadas. Isso é uma pista de como este tipo de cócegas vai da maneira como o cérebro interpreta as relações sociais. Os receptores da pele enviam sinais a duas regiões do cérebro que são responsáveis por processar o tatos e as sensações agradáveis. A resposta a elas são os movimentos agitados e às vezes um pouco brusco e os risos ou gritos de emoção e prazer.  E para ser uma relação social, é necessário haver duas pessoas. Por isso é que uma pessoa sozinha não consegue fazer cócegas em si mesma: é preciso o elemento surpresa. Se tentar fazer cócegas em si mesmo, o seu cérebro já previu a sensação e bloqueia as gargalhadas.

Assim, só os seres humanos e os primatas são sensíveis a este tipo de cócegas.

Resumindo, fazer cócegas nada mais é do que estabelecer ou reforçar laços sociais ou afectivos. No final de contas, rir e dar gargalhadas é sempre bom e faz bem à saúde.

Só a título de curiosidade, a cnismese já foi usado como um tipo de tortura por romanos e seitas medievais. Já alguém lhe fez cócegas contra a sua vontade? Não é bonito de se fazer!

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