Equipas de Portugal e Israel procuram desenvolver uma nanovacina para a covid-19 e esperam tê-la pronta para ensaios em pessoas, no máximo, daqui a dois anos.
No ano passado, entrevistámos a investigadora Helena Florindo, sobre o seu trabalho (equipa portuguesa em conjunto uma equipa de Israel) no desenvolvimento de uma vacina contra o cancro. Os primeiros testes deste projeto mostraram já bons resultados no melanoma e prevê-se que a vacina possa estar disponível em 5-10 anos.
Agora, a mesma equipa pretende adaptar este trabalho/plataforma à covid-19 e procura desenvolver uma nanovacina para a doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Na terça-feira passada, a Fundação La Caixa anunciou que financiou este projecto em cerca de 300 mil euros. (O ventilador pulmonar Atena do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto também recebeu o mesmo valor de financiamento).
Helena Florindo, da equipa portuguesa de investigadores, fala-nos desta “esperança”:
“Os nossos dois laboratórios têm vindo a desenvolver em conjunto esta nanoplataforma desde há 5 anos, contra o cancro, e que utilizámos agora como base para o desenvolvimento desta vacina COVID-19”, explica.
“Na sequência da caracterização do efeito induzido pela nossa nanovacina relativamente à ativação da resposta imunológica contra células tumorais, verificámos que esta permitia obter a ativação de uma resposta imunológica específica e completa, a qual incluía a ativação de células necessárias à produção de anticorpos. Posto isto, e tratando-se de um sistema modular que induz uma resposta específica dirigida para as sequências de aminoácidos que transporta, pensámos em adaptá-la agora ao transporte de sequências identificadas no vírus SARS-CoV-2. Foi assim que mais uma vez os nossos dois laboratórios uniram esforços para agora desenvolvermos uma vacina contra a infeção pelo SARS-CoV-2, projeto este agora apoiado pela Fundação La Caixa”, acrescenta.
A nossa nanovacina é composta por polímeros biodegradáveis, já utilizados em outros produtos para uso Humano, e inclui combinações de péptidos (sequências de aminoácidos, caso ache que seja mais simples) do SARS-CoV-2 com reguladores da resposta nasal. A presença de pequenos açúcares à superfície destas nanopartículas permite que estas sejam extensamente reconhecidas por células dendríticas, as quais irão então levar à ativação de outras células do nosso sistema imunológico e à produção de anticorpos neutralizantes, esclarece a cientista.